Folha de S. Paulo


Investigadores da Stock Car criticam condições de trabalho

Divulgação
Carro do piloto Caca Bueno no pit de Interlagos antes de etapa da Stock Car
Carro do piloto Caca Bueno no pit de Interlagos antes de etapa da Stock Car

Instalada oficialmente neste sábado (5), a comissão que investigará possíveis irregularidades na Stock Car ainda não tem um plano de trabalho definido e recebe críticas dos próprios integrantes.

A Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) anunciou a criação do órgão após a Folha ter revelado conversas pelo WhatsApp entre comissários da categoria, onde eles insinuam que prejudicaram pilotos.

Presidente da comissão, o piloto da Fórmula Truck Felipe Giaffone, que também comanda a ABPA (Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo), é pessimista com a efetividade dos trabalhos, que têm prazo de 30 dias para serem concluídos.

"Passaram essa bucha para gente, mas essa bucha não é nossa, não. No meu ponto de vista, [a investigação] é mais para o Ministério Público do que para gente. O que a gente vai analisar em 30 dias? Não tem como investigar, a associação não está estruturada para isso ainda", afirmou à Folha.

"O máximo que a gente pode pedir são as pastas de prova, analisar para ver se têm alguma incoerência. Como você vai provar alguma coisa? A chance de ficar tudo no ar é muito grande", completou.

Para o diretor jurídico da CBA, Felippe Zeraik, o Ministério Público não é a instituição competente para esse tipo de investigação, que envolve interesses privados. Segundo ele, a comissão foi criada porque, se a confederação assumisse a frente das investigações, elas ficariam sob suspeita.

De acordo com o diretor da Comissão Nacional de Velocidade da CBA, Waldner Bernardo, conhecido como Dadai, "seria muito feio" caso a confederação colocasse três pessoas internas na comissão. "Se você quer dar transparência é importante chamar pessoas de fora", declarou. Segundo o dirigente, a comissão pode contratar especialistas para ajudar na apuração, e a CBA considera a possibilidade de arcar com as despesas.

O ex-piloto da categoria Chico Serra, outro integrante da comissão, também reclamou do tempo. Dadai afirmou que o prazo pode ser prorrogado caso os membros solicitem.

O outro membro da comissão, Robson Duarte, presidente da Federação de Automobilismo do Espírito Santo, discorda dos pilotos e se diz preparado para participar das investigações.

Para Giaffone, independente das consequências, só pelas mensagens os comissários merecem uma punição severa. "Mesmo que tenha sido uma brincadeira, para mim eles têm que ser banidos e ficar fora do esporte", declarou.

Dadai disse que o momento pode ser um "divisor de águas" para o automobilismo: "A confederação está fragilizada pelo o que aconteceu. Temos um problema e vamos tentar solucioná-lo."


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