Folha de S. Paulo


Apoiado por Platini, Infantino é o novo presidente da Fifa

O suíço Gianni Infantino foi eleito nesta sexta (26) o novo presidente da Fifa. Na eleição mais disputada da história, ele obteve a vitória com 115 votos no segundo turno do pleito.

Secretário-geral da Uefa (entidade que controla o futebol na Europa), o suíço assume a Fifa com a missão de resgatar a imagem da entidade desgastada pela série de escândalos de corrupção Desde maio de 2015, o FBI já prendeu mais de uma dezenas de cartolas. José Maria Marin, ex-presidente da CBF, é um deles.

Segundo as acusações, os cartolas montaram um esquema de recebimento de propina com a venda de direitos de torneios.

"Faltam-me palavras para expressar a emoção. Sou o presidente de todos. Vamos trabalhar para dar transparência à Fifa", disse Infantino, no seu rápido discurso da vitória. "Quero trabalhar para reerguer a Fifa em uma nova era. Vamos colocar o futebol no centro do palco. Vamos deixar para trás os momentos tristes e de crise", acrescentou.

A eleição começou com cinco candidatos, mas o sul-africano Tokyo Sexwale anunciou a retirada da sua candidatura no final do seu discurso aos eleitores.

Azarão, ele disse que apoiaria qualquer vencedor. Sexwale não tinha nem o apoio da federação do seu país.

Presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, o coronel Nunes, votou pelo Brasil no primeiro turno. Ele não revelou o candidato. Representante do país no Comitê Executivo da Fifa, Fernando Sarney disse que a CBF votaria em Gianni Infantino.

A votação foi lenta. O primeiro turno demorou mais de duas horas. No final, o suíço venceu apertado por apenas três votos de diferença para o xeque Salman bin Ibrahim al-Khalifa (presidente da Confederação de Futebol da Ásia), do Bahrein —88 contra 85. Ali bin al-Hussein, príncipe da Jordânia, ficou em terceiro, com 27 votos. O último colocado foi o francês Jérôme Champagne, com 7 votos.

Para conseguir a vitória no primeiro turno, o candidato teria que obter 138 votos, dois terços do colégio eleitoral.

Com o resultado, a Fifa realizou o segundo turno em seguida —o vencedor teria que conseguir mais da metade dos votos. Infantino obteve 115, contra 88 do xeque. Já o príncipe conseguiu quatro votos, enquanto Champagne não obteve nenhum.

Os eleitores do príncipe da Jordânia no primeiro turno fizeram a diferença para o suíço na fase final. 

O europeu vai assumir o comando da Fifa até 2019, quando termina o mandato que Blatter obteve em maio, mas renunciou em seguida.

Desde 1974, quando João Havelange ganhou o comando da Fifa para ficar 24 anos no poder, uma eleição da entidade não chegava ao segundo turno.

FIM DA ERA BLATTER

A eleição de Infantino encerra a era de Joseph Blatter, que ficou 18 anos no poder. Após o início das operações do FBI, Blatter até tentou se manter no poder ao vencer a última eleição, em maio, mas não suportou a pressão e renunciou cinco dias depois.

Apesar do discurso em favor da reforma da Fifa, Infantino é visto com desconfiança pelas autoridades do FBI. Ele é o braço direito de Michel Platini, ex-vice da Fifa e ex-presidente da Uefa.

No final do ano, o craque francês e o próprio Blatter foram banidos do futebol por oito anos —a suspensão foi reduzida para seis anos na última quarta-feira. Platini recebeu cerca de R$ 8 milhões de Blatter numa operação suspeita realizada em 2011 por um trabalho feito no fim de 1999 e no início dos anos 2000 pelo francês.

Apesar de ambos declararem que o pagamento era legal, o Comitê de Ética da Fifa suspendeu os dois por "conflito de interesses" e "gestão desleal".

Além de herdar a Fifa com uma série de acusações de corrupção, o suíço vai assumir a entidade com os cofres vazios e sem cinco patrocinadores milionários.

Nesta quarta, executivos da Fifa anunciaram que a entidade fechou o ano de 2015 com um prejuízo de US$ 103 milhões. É o primeiro déficit da entidade desde 2002, quando a ISL, empresa de marketing da Fifa, faliu.


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