Folha de S. Paulo


Não estou 100%, mas sempre fui lutador, diz Barrios, do Palmeiras

Tanto no gramado como fora dele, Lucas Barrios, 31, do Palmeiras, é discreto.

Como centroavante, ele mostra serviço com participações sem espalhafato. Foi assim na campanha do título da Copa do Brasil em 2015 : na assistência com um leve resvalo para Cleiton Xavier contra o Cruzeiro nas oitavas de final; nos dois gols contra o Fluminense na semifinal; e na "lição de pivô" que deu ao ajeitar a bola para Dudu marcar o primeiro gol da decisão no Allianz Parque.

Em entrevistas, ele é comedido, usa frases curtas e dá declarações ponderadas.

À Folha, o atacante argentino naturalizado paraguaio mostra contida animação ao falar da Libertadores, torneio que volta a disputar nesta terça (16), contra o River Plate, no Uruguai.

"Será uma boa Libertadores, porque há muitas equipes grandes da América do Sul e nós vamos pensar jogo a jogo. Temos que pensar primeiro na fase de grupos", diz.

Em 2008, quando disputou o torneio pelo Colo-Colo, Barrios foi o maior artilheiro do mundo na temporada, com 37 gols, feito reconhecido pela Fifa.

"Sempre trabalhei o máximo para ser o melhor nos clubes pelos quais passei, e aqui vou tentar também. O mais importante é a equipe, que o Palmeiras consiga metas em conjunto. Depois disso, óbvio que gosto de marcar gols. Espero que seja como foi no Colo-Colo e no Borussia Dortmund", afirma, sem cravar uma meta de gols marcados.

Após ter sofrido com lesões em 2015, ele diz que ainda não retomou o auge de sua forma física.

"Estou me sentindo melhor. Não 100%, mas estou trabalhando forte para chegar lá. Foi bom descansar depois de tanto tempo", conta, aliviado por ter férias após dois anos.

Ao falar dos problemas do Palmeiras, tido como um dos melhores elencos do país e que tem apresentado desempenho decepcionante, ele tenta desconversar, mas reconhece a necessidade de melhorar.

"Não estamos desorganizados, mas sempre trabalhamos para melhorar. Temos que atacar e defender em conjunto. Se estiver compacta, a equipe sempre vai criar situações", analisa.

"Na verdade, não sabia que tivemos esse problema", retruca ao ser perguntado sobre os "chutões" em excesso que continuam a prejudicar o Palmeiras.

"Posso te assegurar que estamos trabalhando muito para solucionar todos os problemas", continua.

Para ele, a falta de entrosamento também é um obstáculo em 2016.

"A equipe está conhecendo os novos companheiros, e esperamos começar a jogar como tem que atuar o Palmeiras, ganhando em todos os cantos, todos os jogos."

CHINA EUROPA E LUTA

Nesta terça (16), as oitavas de final da Liga dos Campeões também começam. Barrios disputou o torneio em 2012, pelo Borussia Dortmund, quando não passou da fase de grupos.

"São duas competições diferentes. Na Europa, o jogo é mais tático, e na Libertadores há muito mais contato com o rival", analisa.

Querido pelos torcedores do Borussia —afinal, manteve média de um gol a cada duas partidas em sua passagem—, ele perdeu espaço com a contratação do polonês Lewandowski, recentemente quarto colocado na Bola de Ouro da Fifa.

Por isso, em 2012 ele foi um dos pioneiros a chegar no futebol chinês por cifras exorbitantes (€ 9 milhões, ou cerca de R$ 36 mi em valores atuais). No Guangzhou Evergrande, diz ter sofrido com a solidão.

"Joguei alguns anos na China e tive a sorte de ganhar campeonatos lá. É um futebol que cresceu muito e vai continuar crescendo. Para mim, o difícil foi viver lá sozinho. Se estivesse com minha família, teria sido melhor", lamenta.

Diante das dificuldades que se anunciam —os confrontos ríspidos na Libertadores, a forma física que precisa de aprimoramento, as falhas táticas do time—-, Barrios destaca um valor que tomou como bússola da carreira.

"Aquele que conhece a minha história sabe que fui e sou um lutador, que sempre lutei pelo que quis. Não saí do Boca [Juniors] ou do River [Plate] para chegar rapidamente à Europa. Consegui tudo com muito trabalho e esforço. Em cada lugar que estou, procuro deixar uma marca. E espero fazer isso no Brasil", finaliza.


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