Folha de S. Paulo


Para presidente de comissão, atletismo tem escândalo 'pior' que o da Fifa

Denis Balibouse - 9.nov.2015/Reuters
Richard W. Pound, World Anti-Doping Agency (WADA) Founding President and former IOC Vice President speaks during a news conference on the WADA Independent Commission report on findings of investigation into allegations of widespread doping in sport in Geneva, Switzerland November 9, 2015. REUTERS/Denis Balibouse ORG XMIT: RSP22
O canadense Richard "Dick" Pound, presidente de comissão da Wada

O canadense Richard "Dick" Pound, ex-presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), afirmou nesta sexta-feira (8) que o escândalo de doping e corrupção que abala o atletismo é "pior" do que o da Fifa, e chamou dirigentes de "lixo".

"Salvo raras excepções, nunca vi presidentes de federações esportivas internacionais tão envolvidos na corrupção. Na IAAF, eles não mexem apenas com finanças, como é o caso dos caras da Fifa", afirmou o canadense em entrevista ao jornal britânico "The Times".

"Nesse sentido, podemos dizer que é pior. É verdade que há menos dinheiro em jogo, mas isso certamente afeta os resultados esportivos, e isso é muito pior. O que está em jogo é a integridade das competições. Vocês tinham que ver o que esses lixos fizeram", disparou.

Pound é presidente da comissão da Wada que divulgou, em novembro, relatório que denunciou um esquema de doping organizado na Rússia, envolvendo dirigentes da IAAF, acusados de encobertar o caso.

Quatro dias depois, a IAAF seguiu a recomendação da comissão e suspendeu o atletismo russo de todas as competições internacionais, o que pode colocar em perigo a participação de competidores do país nos Jogos Olímpicos do Rio-2016.

A segunda parte do relatório será divulgada no dia 14 de janeiro, com revelações de problemas de doping no Quênia, líder do quadro de medalhas no Mundial de Atletismo de Pequim, em agosto.

Pound criticou também dois nomes importantes do atletismo: Sebastian Coe, presidente da IAAF, e Serguei Bubka, que perdeu a última eleição para o britânico. Eles eram vice-presidentes na gestão de Lamine Diack, indiciado pela justiça francesa por "corrupção passiva e lavagem de dinheiro".

"Coe e Bubka já estavam lá. A IAAF é uma organização do século XXI governada como no século XIX. Eles tiveram a oportunidade de cuidar dos problemas há muito tempo", afirmou.

Na última quinta-feira, três altos dirigentes da IAAF foram banidos do esporte, incluindo um dos filhos de Lamine Diack, Papa Moussata Diack.

Os outros dois são os russos Valentin Balakhnichev, tesoureiro da IAAF até dezembro de 2014 e ex-presidente da federação de seu país, e Alexei Melnikov, ex-técnico nacional da marcha atlética.

Um quarto ex-dirigente, o médico francês Gabriel Dollé, que comandou a luta contra o doping na IAAF até o fim de 2014, também foi considerado culpado, mas em menor medida, e teve pena de suspensão de cinco anos solicitada pela comissão.


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