Folha de S. Paulo


Com 7 nomes de países vizinhos, São Paulo 'habla español' por Libertadores

Rubens Chiri/saopaulofc.net
Treino de ataque contra defesa fecha agitada sexta-feira. Técnico Edgardo Bauza comandou a sua primeira atividade técnica-tática na pré-temporada 2016
Edgardo Bauza comanda a sua primeira atividade tática na pré-temporada 2016

"Nosso novo idioma", afirmou, em tom de brincadeira, Gustavo Oliveira, diretor de futebol do São Paulo, após recepcionar o chileno Mena com um tímido "bienvenido", na apresentação do lateral esquerdo nesta sexta (8).

Em 2016, o São Paulo terá fartura de sul-americanos. Com a chegada de Mena, 27, que estava no Cruzeiro, o número chega a sete, entre comissão técnica e atletas.

A primeira contratação para a temporada foi o técnico argentino Edgardo Bauza, que trouxe um auxiliar e um preparador físico, ambos seus conterrâneos.

Além deles e de Mena, virá o zagueiro uruguaio Diego Lugano, 35, que rescindiu seu contrato com o time paraguaio do Cerro Porteño e chega à capital paulista neste final de semana.

No elenco, também há outros dois sul-americanos que estavam no clube desde o ano passado: o argentino Centurión, 22, e o colombiano Wilder, 24, ambos atacantes.

Durante os primeiros treinos, em 2016, já foi possível sentir a presença da língua espanhola em campo. Além dos "fuera" e "no pasó nada" da comissão técnica argentina, os brasileiros já começam a entrar no clima.

Durante treino em campo reduzido e com gols na altura da cintura, um defensor colocou a mão na bola, marotamente, impedindo o gol. "Arquero?", gritou Ganso para os auxiliares argentinos que acompanhavam a atividade.

Mercado da bola

ADAPTAÇÃO

Uma preocupação do clube com a chegada dos estrangeiros é a adaptação. Em algumas ocasiões, em 2015, Centurión disse que sofria para se acostumar à vida na cidade de São Paulo e para se entender com os companheiros em campo.

Contratado por indicação de outro técnico estrangeiro, o colombiano Juan Carlos Osorio, que comandou o São Paulo em 2015, Wilder perdeu espaço após a saída do comandante e pouco jogou.

Para Darío Pereyra, zagueiro uruguaio que jogou no São Paulo por mais de dez anos, entre os anos 70 e 80, a língua não será um problema para os jogadores que chegam agora, pois Lugano passou quatro anos no Brasil e Mena está no país desde 2013.

Mena, aliás, afirmou nesta sexta (8) estar bem adaptado ao Brasil. "Curto muito a música. E a comida, para mim, é espetacular. Gosto de feijão, pão de queijo, tudo isso aí."

Darío Pereyra, no entanto, afirmou à Folha que "a comissão técnica vai ter dificuldade para passar as instruções, principalmente na preleção, nos detalhes". Lembrou, porém, que Osorio foi bem aceito no Morumbi e citou a importância de Milton Cruz, então auxiliar.

"Assim como aconteceu com o Osorio, o Milton fica sempre ao lado para, se o jogador não entender algo, ele poder ajudar", disse.

Milton Cruz está acompanhando Bauza nesta pré-temporada, mas não será auxiliar neste ano. Ele assumirá o núcleo de análise de desempenho do clube.

Darío se recorda das dificuldades que teve em sua chegada. "No começo, você fica de fora das conversas e o esforço mental é grande para participar. Bauza vai precisar de muita concentração e muito trabalho para entender o que os jogadores estão falando e pedindo."

Para Mena, por outro lado, a presença do treinador será benéfica. "A chegada de Bauza ajuda muito para que eu possa me acostumar melhor", disse.

LIBERTADORES

Apesar das dificuldades habituais do período inicial, a participação dos estrangeiros, de modo geral, é vista como uma vantagem para a disputa da Libertadores.

O São Paulo faz seu primeiro jogo pelo torneio no dia 3 de fevereiro contra o time peruano César Vallejo no estádio do adversário, na cidade de Trujillo.

"Geralmente os juízes falam espanhol, então ajuda para conversar com o juiz, dar uma dica. São detalhes, mas contribuem", afirma Darío.

Mena concorda. "Será importante para o time podermos falarmos espanhol em campo", disse.


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