Folha de S. Paulo


Banco do Brasil pede esclarecimento à CBV por contratar acusado de desvio

O Banco do Brasil afirmou na tarde desta sexta-feira (8) que solicitou esclarecimentos à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) sobre o fato de a entidade ter contratado um funcionário que foi processado por desvio de verba pública após a maior crise da história da entidade, em 2014, conforme revelou a Folha.

No contrato entre as partes, não há cláusula sobre contratações. Ou seja, o banco não tem poder de ingerência sobre cargos na entidade. Porém, se a instituição considerar que um problema com dirigente lhe causa impacto, pode solicitar medidas reparativas.

O funcionário em questão é José Virgílio Lima Pires, 57, assumiu em 1º de julho de 2014 o cargo de chefe do gabinete de presidência, cerca de quatro meses após a ESPN Brasil revelar que empresas de cartolas da própria entidade receberam pagamentos de R$ 10 milhões cada uma para intermediar contratos negociados diretamente com patrocinadores.

A Folha apurou que Pires é braço direito do mandatário da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, sucessor de Ary Graça –que renunciou à chefia da instituição em março de 2014 em meio à crise. Graça preside a FIVB (Federação Internacional de Vôlei) desde o início de 2013.

Em fevereiro de 2002, enquanto presidente da Federação Cearense de Vôlei, Pires firmou convênio com o então Ministério de Esporte e Turismo e recebeu da pasta a quantia de R$ 270 mil para a realização de quatro competições em nome da federação. De acordo com processo penal do Ministério Público Federal (MPF), o dirigente nunca prestou contas, nem após insistentes notificações.

O Banco do Brasil, ao tomar conhecimento do caso, pediu esclarecimento à entidade. Parceiros desde 1991, o banco repassa anualmente cerca de R$ 70 milhões à CBV.

Divulgação/CBV
Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei)
Walter Pitombo Laranjeiras, conhecido como Toroca, presidente da CBV

O vínculo foi interrompido entre dezembro de 2014 e o início de 2015, depois de a CGU (Controladoria-Geral da União) publicar relatório que apontava irregularidades financeiras praticadas pela cúpula da confederação. Ele foi retomado somente depois de a CBV cumprir uma série de exigências.

A base para a investigação do órgão federal foram denúncias feitas em reportagens da ESPN Brasil, segundo as quais duas empresas de dois ex-dirigentes da CBV, Marcos Pina e Fabio Azevedo, teriam recebido R$ 10 milhões cada uma em comissões para intermediação de contratos diretamente tratados com patrocinadores.


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