Folha de S. Paulo


Ex-empregado de fazenda, vencedor da São Silvestre teme ficar fora da Rio-16

"É difícil vencer os quenianos". Não importa a nacionalidade do atleta africano que esteja à frente, é assim que os brasileiros costumam se referir a eles após as provas.

Nesta quinta (31), entre os cerca de 30 mil corredores da São Silvestre, fora mesmo um queniano quem dominou e levou o título da mais tradicional corrida de rua do país para o Quênia pela 26ª vez.

Stanley Biwott, 29, cruzou a linha de chegada na avenida Paulista em 44min31 (o recorde da atual distância pertence ao queniano Paul Tergat, com 43min12, em 1995).

"Foi uma vitória fantástica", disse Biwott, atleta de poucas palavras.

Trabalhador de uma fazenda de gado leiteiro no Quênia até 2006, em menos de uma década como profissional ele já alcançou bons resultados.

No último dia 1º de novembro, ganhou a famosa Maratona de Nova York. Em 2012, terminou em primeiro a corrida de 42.195 m em Paris. Dois anos antes, venceu a Maratona de São Paulo com o tempo de 2h11min21, apenas dois segundos acima do recorde que pertence a Vanderlei Cordeiro de Lima.

No maior período que passou no Brasil, Biwott ainda ganhou a Volta da Pampulha, em Belo Horizonte, em 2009, e no fim do mesmo ano correu pela primeira vez a São Silvestre e ficou em sétimo.

Em 2016, entretanto, Biwott ainda não sabe se voltará ao país para os Jogos do Rio, em agosto. O problema é justamente ser queniano.

"No Quênia é muito difícil conseguir a vaga olímpica na maratona. Se eu for selecionado, ficarei muito feliz. Mas não estou certo disso. A seletiva é muito difícil", disse, em tom de desânimo.

Explica-se: o Quênia é a Meca dos maratonistas da atualidade. O melhor tempo da vida de Biwott na distância foi 2h04min55, nas ruas de Londres, em 2014. Neste ano, também na capital inglesa, correu em 2h06min41 –o que o deixa em 22º na lista da IAAF, entidade que rege o atletismo, em 2015).

Neste mesmo ranking mundial, há 15 quenianos com tempos melhores que o dele na temporada. E apenas três deles podem se classificar para a Olimpíada do Rio.

O melhor brasileiro do ano, por exemplo, é Marilson Gomes dos Santos, com 2h11min, o que equivale ao 190º lugar da lista. A frente dele são 140 quenianos com marcas melhores somente nestes últimos 12 meses.

O único brasileiro já assegurado na maratona da Rio-2016, por ter ficado entre os 20 primeiros no Mundial de Pequim, em agosto (foi 18º), é Solonei Rocha da Silva.

Nesta São Silvestre, porém, ele ficou em 14ª. Posição pior do que a de 2009, quando tinha apenas três meses de atletismo e foi 13º na corrida.

REPETECO BRASILEIRO

O melhor brasileiro da prova neste ano, assim como em 2014, foi Giovani dos Santos, em quinto lugar (44min58).

O "grande foco" do atleta mineiro para 2016 está nos Jogos do Rio. Ele vai tentar o índice nos 10.000 m e na maratona. "Quero chegar na Olimpíada com chance de medalha", afirmou Giovani.

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STANLEY BIWOTT (QUÊNIA)

Nascimento
21.abr.1986 (29 anos)

Principais conquistas
- Volta da Pampulha-2009
- Maratona de SP-2010
- Maratona de Paris-2012
- Maratona de Nova York-2015
- São Silvestre-2015

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Confira os resultados da 91ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre

Masculino
1: Stanley Biwott (QUE) - 44min31s
2: Leul Gebresilase (ETI) - 44min34s
3: Feyisa Lilesa (ETI) - 44min38s
4: Edwin Kipsang (QUE) - 44min41s
5: Giovani dos Santos (BRA) - 44min58s

Feminino
1: Ymer Wude Ayalew (ETI) - 54min0s
2: Delvine Relin (QUE) - 54min03s
3: Failuna Matanga (TAN) - 54min11s
4: Sueli Pereira (BRA) - 54min15s
5: Joziane Cardoso (BRA) - 54min22s


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