Folha de S. Paulo


'Não é certo que treinarei Cielo em 2016', diz técnico do campeão olímpico

Após uma temporada de maus resultados, o técnico Arilson Silva, 45, já admite a possibilidade de não continuar a treinar Cesar Cielo, 28. Ambos trabalham juntos desde o início deste ano.

Na sexta (18), o nadador mais vitorioso do país abandonou a primeira seletiva olímpica nacional após ficar em 11º lugar nos 100 m livre –nem sequer nadou os 50 m livre. Para estar na Rio-2016, Cielo precisa ir bem na segunda seletiva, em abril, última chance de obter a vaga nos Jogos.

Silva diz que ele e o atleta "definirão o que será feito pela frente" nos próximos dias. Indagado se há garantia de que estará com Cielo em 2016, a resposta foi taxativa: "Não".

Caso a cisão se confirme, Cielo trocaria de técnico pela quarta vez desde 2012. Ele já trabalhou com Alberto Silva, Scott Goodrich, Scott Volkers e Arilson, que disse à Folha não haver crise com o astro.

*

Folha - Como está a situação após a saída da seletiva?
Arilson Silva - Tivemos uma competição muito abaixo do planejado. O Cesar [Cielo] vinha de dois meses parado, e dez semanas não foram suficientes para estressá-lo em um nível que produzisse bom resultado. Faltou ritmo competitivo. Após a prova dos 100 m livre, ele resolveu ir embora por questão pessoal.

Desde lá, vocês conversaram?
Já, mas agora é hora de dar uma pausa. É preciso parar para clarear as ideias e definir o que será feito pela frente.

Você falou em questão pessoal. Do que se trata?
Atleta desenvolve confiança em cima de resultados. Este ano, infelizmente, não foi de resultado para o Cesar, é preciso encarar. Mas há tempo para isso. Ele é um nadador de altíssima qualidade.

Vocês continuarão juntos?
Nós demos um tempo para as festas. Devemos voltar a falar na semana que vem para definir alguma coisa.

Satiro Sodre/SSPress/Divulgação
Arílson Silva, treinador de Cesar Cielo
Arílson Silva, treinador de Cesar Cielo

É certo que você vai continuar como técnico dele?
Na verdade, não. Nós precisamos avaliar.

A continuidade do trabalho depende desta conversa?
Sim.

Neste momento, você é treinador do Cielo?
Ainda estou como técnico dele. A questão é que tem que parar um pouquinho mesmo. Tivemos um ano desgastante em termos de resultado. É uma parada de reavaliação.

Sua vontade é seguir com ele?
Sim, total.

Mas a decisão final é dele?
Nem quero avaliar agora. Prefiro descansar. Temos uma relação profissional muito boa e condições de fazer uma reavaliação madura e consciente. Não vejo crise.

Para você, tem sido interessante treiná-lo?
É uma das coisas mais legais da minha carreira. Agora, esporte de alto rendimento vive de resultado. Por enquanto, o resultado não veio.

Não seria melhor ter ao menos tentado índice nos 50 m livre?
A questão do Cesar não é só fazer uma marca. É fazer uma marca competitiva. Ele não mira só o índice, mas a medalha em 2016, algo maior.

Essa cobrança intensa não é um fator negativo?
Ele realmente tem isso. A altíssima exigência foi o que o levou ao topo. Mas neste ano não se conseguiu trabalhar de maneira eficiente, e aumenta o incômodo. Este 2015 ficou sempre aquém do que ele esperava e do que pode.


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