Folha de S. Paulo


CBB anuncia volta de Barbosa, e técnico já fala em medalha olímpica

Lalo de Almeida/Folhapress
O técnico Antônio Carlos Barbosa comanda treino da seleção no Pan do Rio-2007
O técnico Antônio Carlos Barbosa comanda treino da seleção no Pan do Rio-2007

Antônio Carlos Barbosa chegou à seleção brasileira feminina de basquete em 1971, aos 26 anos, como assistente técnico. Conforme a Folha antecipou, nesta segunda-feira (14), aos 70 anos, ele retorna à equipe como técnico, cargo que exerceu cerca de por 20 anos e deixou há oito.

"Sempre estou me adequando às evoluções. Você não pode ter a mesma cabeça de 1971. Isso me mantém em condições de comandar as jogadoras mais novas. Estou sempre me atualizando", afirmou Barbosa à Folha, logo após a confirmação da CBB (Confederação Brasileira de Basquete).

Paulista de Bauru, ele substitui Luiz Augusto Zanon, 52, que na sexta (11) renunciou ao cargo. Desde o ano passado, porém, Barbosa faz trabalhos junto à CBB, realizando clínicas e palestras no Brasil e no exterior. Como treinador será a terceira vez à frente da equipe nacional: de 1976 a 1984, depois de 1996 a 2007, quando conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, o quarto lugar em Atenas-2004 e a de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007. Em 1971 e 1972, ele foi assistente.

Barbosa assume a seleção a menos de oito meses da Olimpíada, em meio a uma crise entre a CBB e os seis clubes da Liga de Basquete Feminino (LBF) –este colegiado não quis se manifestar sobre a contratação.

Entre os problemas atuais no basquete feminino, o ex-técnico Zanon reclamou inclusive da falta de talentos na atual seleção brasileira.

"Hoje nada é segredo, porque todo mundo assiste aos adversários em vídeos. Então temos que trabalhar muito. A falta de talentos é mundial. É uma situação que temos que conviver há 20 anos, porque não temos mais Paula e Hortência", analisou Barbosa.

Outra mudança de postura em relação ao antecessor diz respeito à Olimpíada do Rio. Enquanto Zanon deixou o comando da seleção dizendo que nos Jogos de 2016 queria dar experiência e rodagem à equipe, Barbosa chega falando em pódio.

"Vou trabalhar para buscar a medalha. O foco é a medalha. Se você fala que é pequeno, você fica pequeno. Nós vamos brigar por medalha", ressaltou Barbosa.

O que ele não vai mudar é a convocação das atletas (já feita) e a comissão técnica atual, que se apresentam dia 6 de janeiro para jogar o evento-teste da Olimpíada, no Rio, entre 15 e 17 de janeiro.

MAIS MUDANÇAS

Outra mudança que deve acontecer no comando da seleção feminina é a chegada Adriana dos Santos, ex-jogadora da seleção –campeã mundial na Austrália-1994, prata nos Jogos de Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000.

Ela confirmou que recebeu convite da CBB e disse que vai conversar com a CBB ainda nesta semana para tomar sua decisão.

Coordenadora da equipe de Americana até ano passado, a ex-atleta chegaria para apaziguar os ânimos do basquete feminino no cargo de coordenadora da seleção.

"Sei da guerra que existe entre a CBB e o colegiado de clubes. Se eu puder ajudar, eu vou. Mas sei que há muita coisa errada na CBB, muita mesmo, com as quais não vou compartilhar", afirmou a ex-ala, hoje representante das atletas na Fiba (Federação Internacional de Basquete).

"Tenho filha, marido, emprego, não vou sair de casa para ser um vaso ou uma planta. Se for assim, estou fora. Quero que essa guerra termine e que as meninas tenham tranquilidade para a Olimpíada", concluiu Adriana.

Adrees Latif/Reuters
Barbosa orienta Adriana em vitória contra a Austrália, nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, quando foram bronze
Barbosa orienta Adriana em vitória contra a Austrália, em Sydney-2000, quando foram bronze

Endereço da página:

Links no texto: