Folha de S. Paulo


CBF contesta versão da Gillette e vai à Justiça exigir multa de rescisão

A CBF vai entrar na Justiça contra a P&G exigindo o pagamento da multa da rescisão do contrato da empresa com a seleção brasileira.

A Folha revelou no último domingo a ruptura do acordo, a primeira desde que surgiram as denúncias de corrupção envolvendo a CBF, mas a empresa ainda não havia confirmado os motivos.

Nesta quarta-feira (8), em nota, a P&G disse que "a decisão se baseia em cláusula do contrato que prevê a rescisão caso haja algum fato que possa oferecer riscos à preservação da imagem da companhia", portanto, sem necessidade de pagamento de nenhuma multa.

A empresa afirmou também que "está comprometida com a ética e busca ter parceiros que estejam em linha com os seus valores".

O contrato foi rompido em junho deste ano, logo após a prisão na Suíça do ex-presidente da CBF José Maria Marin, a pedido do Departamento de Justiça dos EUA.

A CBF, no entanto, contesta a explicação da companhia e vai entrar com um processo exigindo o pagamento da multa rescisória, milionária –o valor não foi informado.

Também por nota, a CBF informa que "em 12 de março de 2015, a multinacional manifestou expressamente seu interesse em encerrar a parceria com a seleção brasileira, o que contraria o argumento apresentado pela empresa à Folha sobre as razões para o término do patrocínio" e que "o tema em questão está sob os cuidados do nosso departamento jurídico".

Diz ainda que "reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a qualidade na aplicação de seus recursos em favor do futebol brasileiro, buscando sempre os melhores resultados para a entidade, seus filiados e patrocinadores".

Na matéria publicada no domingo (6), a reportagem também relata que a alta do dólar pesou para a decisão e que os escândalos envolvendo dirigentes da CBF foram o ponto final do contrato.

Sobre isso, a P&G apenas diz que "mesmo no atual momento delicado da economia brasileira, segue acreditando no Brasil e investindo em suas operações no país". "Prova disso são os investimentos da ordem de R$ 1 bilhão no último ano, dedicados à expansão de suas maiores unidades fabris no país, em Louveira (SP) e Manaus (AM) e da construção de uma nova fábrica em Seropédica (RJ). A P&G tem crescido duplo dígito nos últimos 10 anos no Brasil e vai continuar crescendo. A P&G desconhece qualquer processo nesse sentido", afirma.

Durante um período, a Gillette era a patrocinadora oficial da Brasil Global Tour, série de amistosos que a seleção faz ao redor do mundo. A partir de agosto de 2014, a Chevrolet, ocupou esse lugar.

A maioria dos demais patrocinadores da CBF tem evitado se pronunciar sobre os escândalos de corrupção que envolvem a entidade.

A Folha procurou todas as empresas que têm contratos com a entidade ou que apoiaram a confederação de alguma forma nesta última temporada. Seis delas informaram que não iriam comentar. Outras disseram genericamente que repudiam qualquer ato ilícito e que valorizam a ética e a transparência.

O comportamento é diferente do adotado pelas companhias que colocam dinheiro na Fifa. Coca-Cola, Visa, McDonald's e Budweiser pediram a saída de Joseph Blatter, suspenso do cargo sob acusação de irregularidades, e exigiram transparência.

VEJA A ÍNTEGRA DOS COMUNICADOS

RESPOSTA DA CBF

A CBF tem profundo respeito por seus atuais e antigos patrocinadores e tem por princípio não comentar cláusulas contratuais.

No caso específico da P&G, esclarece que, em 12 de março de 2015, a multinacional manifestou expressamente seu interesse em encerrar a parceria com a seleção brasileira, o que contraria o argumento apresentado pela empresa à Folha sobre as razões para o término do patrocínio.

O tema em questão está sob os cuidados do nosso departamento jurídico.

A Confederação reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e a qualidade na aplicação de seus recursos em favor do futebol brasileiro, buscando sempre os melhores resultados para o entidade, seus filiados e patrocinadores.

RESPOSTA DA P&G

Em resposta aos questionamentos levantados pelo jornal Folha de S. Paulo com relação à rescisão do contrato de patrocínio da P&G com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a empresa esclarece que:

- A rescisão do contrato se baseou em cláusula previamente definida entre as partes em que garante o seu encerramento antes do vencimento sem a necessidade do pagamento de multa.

- Não há nenhum pagamento pendente por parte da companhia.

- A P&G está comprometida com a ética e busca ter parceiros que estejam em linha com os seus valores.

- A companhia reforça ainda que, mesmo no atual momento delicado da economia brasileira, a P&G segue acreditando no Brasil e investindo em suas operações no País. Prova disso são os investimentos da ordem de R$ 1 bilhão no último ano, dedicados à expansão de suas maiores unidades fabris no País, em Louveira (SP) e Manaus (AM) e da construção de uma nova fábrica em Seropédica (RJ).

A P&G tem crescido duplo dígito nos últimos 10 anos no Brasil e vai continuar crescendo.

A P&G desconhece qualquer processo nesse sentido.


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