Folha de S. Paulo


Del Nero e Teixeira são indiciados nos EUA acusados de corrupção

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira, foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusados de corrupção.

Eles estão na lista de 16 acusados que tiveram os nomes divulgados nesta quinta (3) pelas autoridades dos Estados Unidos. O anúncio dos novos acusados fez parte de uma nova etapa da investigação que, em maio, culminou com a prisão de sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF Jose Maria Marin, que se declara inocente, mas aceitou ser extraditado aos EUA para responder o processo.

Segundo a investigação norte-americana, eles são acusados de estarem envolvidos em esquemas criminosos envolvendo mais de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões) em subornos e propinas.

"Os pagamentos de propina e suborno foram identificados por parte de empresas de marketing esportivo para diferentes executivos da Concacaf e Conmebol. Partidas das eliminatórias da Copa foram vendidas desta forma. Alguns negócios não aconteceram, seriam negócios futuros e que visavam as Copas de 2018 e 2022. São milhões de dólares em propinas num esquema que se alastra por décadas", afirmou o procurador-geral do Brooklin, Robert Capers.

Como informou a Folha em maio, as investigações do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção no futebol indicam que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, dividiu propinas recebidas pela exploração comercial da Copa do Brasil (torneio disputado desde 1989 e disputado pelos principais clubes do país) com Teixeira e Del Nero.

Nesta quinta, em Zurique, na Suíça, foram presos os atuais presidentes da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), o paraguaio Juan Ángel Napout, e da Concacaf (Confederação de Futebol das Américas do Norte, Central e Caribe), o hondurenho Alfredo Hawit, que estão entre os 16 indiciados.

Outros presidentes ou ex-presidentes de federações da América do Sul estão entre os investigados: Luis Chiriboga, que comanda a federação do Equador, Carlos Chávez, da Bolívia, que está preso em seu país acusado de desviar dinheiro da federação e ainda é o tesoureiro da Conmebol, e Manuel Burga, ex-presidente da federação peruana.

Além deles estão indiciados dois ex-secretários-gerais da entidade, os argentinos Eduardo Deluca e José Luis Meiszner, além do boliviano Romer Osuna, ex-tesoureiro da entidade.

Entre os dirigentes da Concacaf adicionados ao processo está até um ex-presidente de Honduras, Rafael Callejas, que além do país (presidente de 1990 a 1994) também comandou a federação de futebol do país.

"A mensagem que queremos deixar para aqueles que envolvidos que permanecem nas sombras com esperanças de escapar dessa investigação é que se aproximem, pois não escaparão do nosso radar", disse a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loretta Lynch. "Os indícios apontam que esses indivíduos tentaram institucionalizar a corrupção, para que se perpetuasse por interesse deles", completou.

"Eu havia dito que esta é a 'copa do mundo da fraude' e esta afirmação não podia estar mais correta. Durante as investigações identificamos milhões de dólares que passaram por contas bancárias ao redor do mundo, envolvendo lucros de contratos ilegais, esquemas e corrupções", declarou Richard Weber, chefe de investigação criminal da receita dos Estados Unidos, durante a coletiva.

INVESTIGADO NA FIFA

Nesta quinta-feira, o Comitê de Ética da Fifa abriu um processo para investigar Del Nero.

"Eu posso confirmar que a Câmara de Investigação do Comitê de Ética abriu um processo formal contra o senhor Del Nero no dia 23 de novembro", disse Andreas Bantel, porta-voz da Fifa, à Folha.

Bantel, porém, não deu detalhes sobre a investigação.

O Comitê de Ética da Fifa pode suspender ou até mesmo banir cartolas das atividades do futebol.

Se punido, Del Nero terá que deixar a presidência da CBF.

Desde maio, quando Marin foi preso na Suíça, o dirigente não viaja para o exterior.

INDICIADOS

Marco Polo Del Nero, presidente da CBF
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF
Alfredo Hawit, presidente da Concacaf (confederação que cuida do futebol da América do Norte, América Central e Caribe) e vice da Fifa
Ariel Alvarado, ex-presidente da Federação Panamenha de Futebol
Rafael Callejas, ex-presidente da Federação Hondurenha de Futebol
Brayan Jimenez, presidente da Federação Guatemalteca de Futebol
Rafael Salguero, ex-presidente da federação guatemalteca de futebol e membro do Comitê executivo da Fifa
Hector Trujillo, secretário-geral da Federação Guatemalteca
Reynaldo Vasquez, ex-presidente da Federação salvadorenha
Juan Angel Napout, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol)
Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana
Carlos Chavez, ex-presidente da Federação Boliviana de Futebol e tesoureiro da Conmebol
Luis Chiriboga, presidente da Federação Equatoriana
Eduardo Deluca, secretário-geral da Confederação Sul-Americana
Jose Luis Meiszner, ex-Secretário-Geral da Conmebol
Romer Osuna, ex-presidente da Federação Boliviana


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