Folha de S. Paulo


Para novato no Mundial, surfe será o esporte número 1 do Brasil

O paulista Alex Ribeiro, 26, vai disputar a elite do Mundial de surfe pela primeira vez na sua carreira em 2016.

Vai se juntar a outros brasileiros que já fazem sucesso, como Gabriel Medina, 21, o atual campeão mundial, Filipe Toledo, 20, e Adriano de Souza, o Mineirinho, 28.

O próximo ano promete ser ainda melhor para o país. Ao menos dez surfistas brasileiro estarão no Mundial. Nesta temporada, são sete.

Além de Ribeiro, Caio Ibelli, 22, e Alejo Muniz, 25, já garantiram acesso para 2016.

Com a ascensão meteórica do surfe no Brasil, Ribeiro acredita que a modalidade se tornará, em um curto espaço de tempo, tão popular quanto o futebol no país.

"Acho que o surfe vai virar o esporte número um do Brasil. O futebol é muito amado, mas o surfe só tem a crescer, está ganhando espaço e vai chegar junto", afirmou o surfista em entrevista à Folha.

MEDINA PIONEIRO

O título do Circuito Mundial conquistado por Medina, em 2014, tem uma grande parcela de "culpa" nisso, como aponta o surfista, nascido em Praia Grande (SP). Desde então, a modalidade ganhou mais destaque na mídia e mais interesse dos grandes patrocinadores.

Só Medina conta com 11 apoiadores. Ribeiro, apesar de nunca ter disputado a elite do surfe, tem cinco.

Não é que seja fácil conseguir um investidor, mas, segundo ele próprio, "muitas coisas mudaram".

"O surfe despontou em vários seguimentos. Com a volta de um circuito nacional forte, muitas marcas vão querer investir na modalidade", disse Ribeiro, referindo-se ao SuperSurf, o campeonato mais bem-sucedido do país.

A competição foi realizada entre 2000 e 2009 e, após um hiato, voltou a ser organizada nesta temporada.

O surfe está até pré-selecionado para fazer parte dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2020. Porém, a inclusão ou não ainda será decidida pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

"Muitas pessoas que eu nem imaginava que assistiam ao surfe vêm me perguntar sobre o esporte. E hoje temos três brasileiros lutando pelo título mundial. Ninguém podia imaginar isso antes", afirmou o paulista.

OPÇÃO DE CARREIRA

Apesar de agora se dedicar totalmente ao surfe, Ribeiro quase seguiu carreira em outro esporte. Sonhava em ser jogador de futebol.

"Eu era um bom atacante, mas o surfe falou mais alto", afirmou, aos risos.

O atleta conta que nem sabia nadar direito quando começou. Aprendeu na marra. E contra a vontade da mãe.

Sem dinheiro para comprar uma prancha na infância, usava as que sobravam dos amigos. "Geralmente, toda detonada", confessou.

Ribeiro chegou a surfar sem quilha (que serve como uma espécie de acelerador e dá direção à prancha) e usou até varal no lugar do leash (a cordinha que prende o surfista à sua prancha).

"Era um varal todo remendado. E tinha prancha que a longarina [vara de madeira colocada no meio da prancha] me cortava todo. Foi um começo bem complicado", relembrou Ribeiro.

O esforço, porém, valeu a pena. Depois de títulos regionais e em campeonatos júnior, ele finalmente conseguiu o acesso para o Mundial.

Nesta temporada, foi campeão da etapa de Saquarema da divisão de acesso, no Rio, ao bater o francês Jeremy Flores, que costumeiramente se coloca entre os melhores da elite internacional.

O desafio, agora, é melhorar o seu desempenho nas ondas para lutar de igual para igual com atletas como o seu ídolo, o australiano Mick Fanning, 34 -que luta pelo tetracampeonato mundial em disputa direta com Mineirinho, Medina e Toledo.

"Eu sei que tenho que evoluir bastante ainda e puxar o meu nível, principalmente em determinados tipos de onda. Sei que terei que surfar o dobro", afirmou.

Manobras do surfe; Crédito Ilustrações Lydia Megumi; Infográfico Alex Kidd e Pilker/Editoria de Arte/Folhapress


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