Folha de S. Paulo


Divisão dos gols por toda a equipe é marca do Corinthians em 2015

O Corinthians pode assegurar o título brasileiro na quinta (19), quando joga contra o Vasco, no Rio. Perto do hexa, o técnico Tite tem exaltado a força do grupo e a ausência de vaidade entre os jogadores.

Os números indicam que, de fato, ninguém lá dentro deverá se queixar do individualismo dos jogadores.

Ainda que Jadson desponte com 13 gols no Brasileiro e seja vice-artilheiro da competição, 18 jogadores da equipe contribuíram com os 63 tentos da campanha corintiana.

DISTRIBUIÇÃO DOS GOLS - 18 jogadores marcaram ao longo da competição

Trata-se de número mais amplo que o do Atlético-MG, que concentrou em 12 atletas os seus 57 gols, especialmente em Lucas Pratto, que fez 12.

No Corinthians, seis atacantes (Love, Luciano, Malcom, Romero, Lucca e Mendoza), seis meias (Jadson, Elias, Renato Augusto, Rodriguinho, Marciel e Ralf), três laterais (Uendel, Fábio Santos e Guilherme Arana) e três zagueiros (Gil, Edu Dracena e Felipe) marcaram gols no Brasileiro.

Dos atuais titulares, apenas o goleiro Cássio e o lateral Fagner não marcaram.

A equipe também é mais "democrática" que os demais membros do G4.

No Grêmio, que também valoriza o jogo coletivo, 17 jogadores diferentes decidiram.

No Santos, quarto colocado, 14 atletas balançaram as redes. Artilheiro do campeonato, Ricardo Oliveira fez 20 dos 54 gols da equipe.

Em relação à equipe de 2011 do Corinthians, campeã também com Tite, o atual time se mostra mais colaborativo.

Naquela campanha, 13 jogadores contribuíram com gols. Um deles foi Ralf, o único a anotar nas duas ocasiões. O meia Danilo ainda pode repetir o feito se fizer um gol neste ano.

Em 2011, Liedson foi o artilheiro, com 12 gols, seguido de Paulinho (8) e Emerson (6).

DEMOCRACIAS

Zenon, meia da geração que ficou conhecida como Democracia Corintiana na década de 1980, vê essa distribuição dos gols como um ponto forte da equipe.

"Lembra muito o time da Democracia, no qual todos faziam gols, menos o goleiro. A harmonia do grupo e a produtividade em campo são fatores primordiais para o bom rendimento", diz.

"Eles têm liberdade para exercer várias funções. Para isso, precisa ter um elenco qualificado, como tínhamos nos anos 1980 e como tem hoje", completa. "É aliar qualidade e companheirismo."

Biro Biro, volante no mesmo período que Zenon, faz análise semelhante.

"O Corinthians pode contar com vários jogadores para decidir. Não é porque o Love é centroavante que tem de fazer mais gols. Tem o Jadson, o Renato [Augusto], o Elias. Até Felipe e Gil. Tite tem um dos melhores elencos do país, e pode dividir a responsabilidade".

"Facilita para quem joga na frente, como o Love, que foi xingado por perder gols. Outros marcaram e as vitórias vieram. Ele então ficou tranquilo e melhorou", analisa o ex-volante, que atribui à distribuição de funções o fato de o Corinthians ser o melhor time do Brasileiro.


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