Folha de S. Paulo


Após ano 'decepcionante', Raikkonen quer bom resultado no GP do Brasil

A temporada de 2015 não foi como Kimi Raikkonen esperava e ele é o primeiro a reconhecer isso.

Depois de um ano frustrante em 2014, no qual a Ferrari foi ao pódio apenas duas vezes, ambas com Fernando Alonso, uma profunda mudança na estrutura em Maranello fez com que o time se reerguesse em 2015.

E, apesar de ter visto seu novo companheiro de time, Sebastian Vettel, vencer três corridas no ano, Raikkonen, 36, não conseguiu repetir o bom desempenho.

Foi ao pódio duas vezes e ocupa atualmente o quinto posto no Mundial de Pilotos -tem praticamente metade da pontuação de Vettel.

Em Interlagos, cenário da conquista de seu título em 2007, o finlandês busca um bom resultado para tentar terminar a temporada em alta -no sábado, às 14h (de Brasília), acontece o treino que define o grid de largada para o GP Brasil.

"Obviamente que eu esperava resultados melhores, mas se comparar com os anos anteriores foi um ano melhor. Ainda assim não fiquei nem perto de onde gostaria de estar. ", afirmou à Folha no laboratório da Shell, parceira da Ferrari, em Interlagos.

"Cometi alguns erros e tive pequenos problemas, mas tenho certeza que podemos resolver para o ano que vem."

FOLHA - A temporada de 2015 foi melhor ou pior do que você esperava?
KIMI RAIKKONEN - Foi um ano duro e um pouco decepcionante para mim, mas pelo menos tínhamos velocidade, algo que nos faltou na temporada anterior, por exemplo.

Esta é sua segunda passagem por Maranello. Quais as diferenças que vê no time e em você?
O time mudou muito, mas acho que as maiores mudanças aconteceram no ano passado. Estamos trabalhando bem na fábrica e com nossos parceiros e acredito que estamos no caminho certo. Temos um plano e todos estão seguindo a risca para atingirmos nosso objetivo. Já é possível ver os resultados e o time se reerguendo. Estamos fazendo a coisa certa, mas ainda não chegamos onde queremos. Mas estamos indo pouco a pouco nesta direção.

Quanto a mim estou mais velho [risos]. Não vejo muitas diferenças, honestamente. Sinto que ainda tenho velocidade, mas faltam os resultados. Estou mais velho, vejo mais coisas, mas nada muito diferente.

Acha que Sebastian Vettel tem papel importante nesta nova fase da Ferrari?
Acho que sim. Mas todas as mudanças feitas na equipe desde o ano passado foram importantes para chegarmos onde estamos. Obviamente que a chegada do Maurizio [Arrivabene, chefe do time], foi fundamental, já que ele é o cara que comanda o show. Mas acho que é um trabalho de equipe. Todos fazemos a diferença. Com Sebastian é mais fácil para a gente, pois nos conhecemos bem e para a equipe é mais tranquilo trabalhar com dois caras que trabalham em conjunto. Não acho que dá para apontar apenas um motivo para a melhora do time, foi uma conjunção de fatores.

Você já teve sete companheiros de equipe diferentes na F-1. Com quem mais gostou de trabalhar?
Eles foram todos diferentes, não acho que seja justo compará-los. No fim o que importa é a atmosfera que criamos na equipe e esta é possivelmente a melhor que já tive.

Desde que voltou para a F-1 muita gente parece querer te aposentar. Ainda se vê na categoria por muito tempo?
O tempo vai dizer. No ano que vem certamente estarei aqui, mas tenho certeza que assim que a temporada começar vão começar a falar merda de novo [risos].

Você disse há um tempo que a Ferrari seria seu último time na F-1. Ainda é o caso?
Acho que eu tinha dito isso em 2007, então nunca se sabe

Foi votado o piloto mais popular na F-1. Imagina o motivo?
Não [risos]. As pessoas me perguntam isso, mas é preciso perguntar para os torcedores, não a mim. Estou feliz de ter este apoio, significa que estou fazendo algo certo e que os resultados não são tudo que importa. Eles torcem por mim quando tenho um bom ano ou um ano ruim. Não tento fazer nada especial, vivo minha vida e faço minhas coisas. Se as pessoas gostam disso, ótimo, se não gostam, também não me importo.

Você é um dos pilotos mais experientes do grid atual. Sua paixão pelo esporte ainda é a mesma de quando começou?
Se não gostasse como gostava já não estaria mais aqui. Obviamente o esporte mudou muito desde que cheguei, e nem sempre na direção certa, mas o que gosto é pilotar e isso ainda faço. Não gosto do resto, mas isso é parte da F-1 e sempre foi. Temos guiado menos hoje do que no passado, mas ainda assim faço o que gosto.

Disse que a F-1 mudou recentemente. O que faria se governasse o esporte?
Não estou no comando, então não quero me envolver. Cada um tem seu ponto de vista. Como pilotos fazemos o que nos mandam, então não faz sentido dizer o que eu faria porque não vai mudar nada.


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