Folha de S. Paulo


Para poupar, Rio-2016 vai cortar até ar-condicionado e aparelhos de TV

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio, cujo orçamento é R$ 7,4 bilhões, pretende cortar 10% de suas despesas. E o facão afetará serviços básicos no evento.

As decisões finais serão tomadas possivelmente em reunião entre diretores nesta segunda-feira (19), mas a exclusão de alguns itens é praticamente certa.

Não haverá, por exemplo, aparelhos fixos de ar condicionado nos quartos da Vila dos Atletas, que será a morada de cerca de 10.500 competidores –e também oficiais e técnicos.

A organização dos Jogos prevê oferecer aparelhos portáteis para aluguel.

Aparelhos de televisão nos quartos dos 31 prédios da Vila, outra promessa da organização, também devem ser cortados. Haveria apenas pontos de encontro com esses aparelhos.

A área de transporte é outra que passará por arrocho. Nem tanto pela frota de veículos, que é garantida por um patrocinador, mas pelo gasto com combustível.

A Folha apurou que o comitê organizador negocia com a Petrobras para que a empresa seja a fornecedora oficial de combustível para os Jogos Olímpicos, o que já ajudaria na redução.

Além disso, linhas de transporte para atletas e imprensa devem ser otimizadas. Ou seja, haveria reelaboração de rotas, o que resultaria em menos deslocamentos.

A parte estrutural terá contenções. Em várias áreas de operação dos Jogos, a construção de paredes de alvenaria, alternativa inicialmente considerada, será substituída por tendas temporárias, erguidas com materiais como drywall (placa de gesso), que são bem mais baratas.

É certo também que o número de voluntários cairá de 70 mil para 65 mil ou 60 mil.

Embora o desejo fosse de poupar o programa, que é uma das maiores marcas registradas dos Jogos Olímpicos, a expressiva economia com transporte, uniforme e alimentação para os voluntários falou mais alto.

CRIVO GRINGO

As decisões já deveriam ter sido tomadas, mas as sugestões de austeridade precisam passar pelo crivo de federações esportivas internacionais, comitês olímpicos nacionais e clientes –a depender de cada especificidade.

O orçamento do comitê organizador é de origem privada –as principais fontes de renda são direitos de transmissão repassados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), comercialização de ingressos e licenciamento.

Preocupado com um eventual estouro, ainda mais em um momento de severa crise econômica, a ordem dentro da entidade virou poupar –até mesmo impressão de arquivos passou a ser controlada.

Algumas áreas dentro do comitê foram comunicadas que serão submetidas a cortes de até 30% do seu orçamento inicial. Tentativas de defender projetos gerou reuniões acaloradas entre os responsáveis por cada área.

Atualmente, o gasto de todas as esferas de organização com a Rio-2016 é de R$ 38,7 bilhões: além dos R$ 7,4 bilhões do comitê, são R$ 6,6 bilhões destinados a instalações esportivas e R$ 24,6 bilhões em obras de infraestrutura na cidade.


Endereço da página:

Links no texto: