Folha de S. Paulo


Conselho pressiona novo presidente do São Paulo a investigar Aidar

Zanone Fraissat/Folhapress
SÃO PAULO/SP-BRASIL,23/03/2012 - Carlos Augusto de barros e Silva, advogado no Jantar de apoio à candidatura de Alberto Zacharias Toron para a presidência da OAB.(Foto: Zanone Fraissat - Folhapress / MONICA BERGAMO)***EXCLUSIVO***
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual presidente do São Paulo

Sob a presidência interina de Carlos Augusto de Barros e Silva, conhecido como Leco, o São Paulo terá de escolher nas próximas semanas qual via seguirá em relação a todos os acontecimentos sob suspeita da gestão de Carlos Miguel Aidar, que renunciou ao cargo nesta terça (13).

De um lado, mantido em segredo, há um acordo para que nenhuma investigação seja levada adiante —a negociação foi feita para que o cartola entregasse o cargo.

"Não sei de nenhum acordo. O que sei é que para o bem do clube é hora de pacificar. Não podemos ficar em torno do fato da renúncia e seus acontecimentos", disse Antônio Cláudio Mariz. Advogado criminalista e amigo de Aidar, ele foi um dos articuladores da saída do presidente.

Por outro lado, há pressão de conselheiros são-paulinos para que todas as suspeitas da gestão sejam esclarecidas.

"Isso não pode acabar em pizza. Já avisamos o Leco e queremos investigação. Para o bem do clube, temos que saber o que aconteceu", afirmou Denis Ormrod, conselheiro da oposição.

Por ora interino, Barros e Silva é o favorito para comandar o São Paulo até o fim deste mandato, em abril de 2017. É também por ele, ou por outro que seja eleito, que passará a decisão de investigar as ações passadas.

Enquanto foi presidente do Conselho Deliberativo, porém, durante esses 18 meses de gestão, o órgão teve conhecimento de todas as denúncias, mas pouco fez.

A medida mais emblemática nesse período foi a criação de um grupo para apurar o contrato firmado entre o clube e a empresa chamada Far East, de Hong Kong, com pagamento de comissão de R$ 18 milhões por intermediar o acordo com a Under Armour, empresa de material esportivo do clube.

O grupo foi criado em maio, mas até hoje não houve conclusão.

"Estamos ainda apurando. Não é tão simples. Acho que nas próximas semanas poderemos dar um parecer", afirmou Joandre Ferraz, conselheiro que faz parte do grupo.

O que aumenta a responsabilidade de Barros e Silva sobre o tema é que, em conversas particulares, ele conta que ouviu as gravações de Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol, que comprovariam os atos irregulares de Aidar. Disse também nessas conversas que o conteúdo é "grave".

PRESIDENTE DIZ QUE INVESTIGARÁ

Em reunião com grupos políticos na manhã desta quarta (14), o presidente interino do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, afirmou que vai investigar as denúncias contra Aidar.

"Ele se mostrou aberto para isso [as investigações]. Eu não acredito que vá ser diferente. Disse que o conselho vai apurar", afirmou o conselheiro Denis Ormrod, representante da oposição a Aidar.

Há expectativa de que a gravação feita por Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol que brigou com Aidar, chegue ao Conselho Deliberativo nas próximas semanas, o que faria abrir uma apuração.

Segundo um e-mail enviado por Gil Guerreiro ao ex-presidente, o áudio comprovaria que houve desvio de dinheiro em negociações de jogadores e que também ocorreu tentativa de recebimento de comissões em outros contratos, até mesmo envolvendo a namorada de Aidar.

Barros e Silva tem dito aos mais próximos que a nova lei de responsabilidade do esporte, a Profut, impede que o clube fique em silêncio em relação a suspeitas desse tipo.

De acordo com a nova legislação, os dirigentes que têm conhecimento de irregularidades e não comunicam os órgão internos competentes para iniciar investigação também podem ser responsabilizados.

Ainda não há, no entanto, nenhuma investigação sendo feita pelo Ministério Público sobre as denúncias envolvendo o time do Morumbi.

A reportagem tentou falar com Barros e Silva diversas vezes, mas as ligações não foram atendidas. Ele dará entrevista coletiva nesta quinta (15).

PRINCIPAIS CASOS QUE PODEM SER INVESTIGADOS

17.dez.2014

Revelado o contrato de 20% de comissionamento em negócios do clube para a namorada de Aidar, Cinira Maturana

21.ago.15

Acusada de participar de negociações de jogadores, Mariana Aidar, filha do então presidente do São Paulo, se desliga do clube

22.set.15

Clube contrata Iago Maidana por R$ 2 milhões, valor maior que a multa de rescisão. STJD deve denunciar o clube

8.out.15

É revelado o e-mail de Gil Guerreiro para Aidar, no qual ele acusa o então presidente de desvio de dinheiro e diz ter gravações que o incriminam


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