Folha de S. Paulo


Acordo por saída de Aidar alivia crise política no São Paulo

A renúncia prometida pelo presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, para terça-feira (13), tem o potencial de aliviar a crise política vivida pelo clube nos bastidores.

Sua saída é exigida pela oposição, por aliados e ex-aliados, pelos sócios do seu escritório de advocacia e pela família –sua filha Mariana Aidar publicou no Twitter que ela e a irmã haviam ido à casa do pai para pedir "a paz de volta em nossas vidas", "nem que para isso ele tenha que sair da presidência".

Mas a decisão pela saída não foi tão simples e envolveu uma espécie de "acordo" com todas as alas políticas do clube. Uma negociação que se arrastou desde a quarta-feira (7), quando seu vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, já ameaçava Aidar nos bastidores dizendo ter gravações que comprovariam seus atos de corrupção.

A proposta feita a Aidar é que ele renunciasse em troca da interrupção das acusações e investigações. O grupo que articulou a sua queda pôs como data-limite para o sinal de renúncia esta segunda-feira.

Para pressioná-lo, o grupo ameaçou levar ao Ministério Público as suspeitas que hoje estão sob responsabilidade do Conselho Deliberativo. A saída de Aidar deve significar a volta da tranquilidade política ao Morumbi e já é comemorada internamente como a refundação do clube. Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do Conselho Deliberativo, é quem assume assim que a renúncia for formalizada.

Pelo estatuto, tem de chamar nova eleição, mas já é certo que é ele mesmo quem vai comandar o clube até abril de 2017, quando acaba o atual mandato –sairá, tudo indica, como candidato único, apoiado pela maioria.

"O mundo dá voltas. Olha como são as coisas. É o imponderável. Vou receber a presidência das mãos de quem me tirou ela lá atrás."Há dois anos, antes de Aidar ressurgir na política do clube, era Leco quem seria indicado para a sucessão de Juvenal Juvêncio. Mas, em uma reunião no Morumbi, com toda diretoria presente, Juvêncio anunciou que era Aidar, e não Leco, o seu candidato.

Leco chegou a cogitar disputar as eleições mesmo sem o apoio do então presidente, mas, decepcionado, desistiu.Para ele, o maior legado que Aidar deixará é a pacificação política. "O clube nunca esteve tão unido quanto agora. A luta contra Aidar uniu grupos que se enfrentaram ao longo de décadas. Isso vai ser muito importante para o futuro do São Paulo", disse José Francisco Manssur, aliado de Juvenal Juvêncio. A dúvida que fica agora é se as investigações serão levadas à frente ou ficarão perdidas pelo caminho.

O Conselho Deliberativo, por ora, está dividido neste sentido.

REFLEXO NO TIME

Para além da política, há alívio dentro do time, que está sob novo comando –Doriva foi anunciado na última semana, após a saída do colombiano Juan Carlos Osorio.

Não só por causa da tranquilidade que deve chegar nos próximos dias, mas porque também Aidar já não agradava a uma boa parte do elenco tricolor. Luis Fabiano, por exemplo, é dos que torciam pela saída do mandatário, segundo apuração da Folha. Ele desabafou com pessoas próximas.

O atacante chegou a ter problemas com o dirigente, em abril do ano passado, quando Aidar falou que não faria nada para segurá-lo no elenco. "Saio agora", respondeu então o atacante.

QUEM É QUEM NA CRISE

Crise política no São Paulo


Endereço da página:

Links no texto: