Folha de S. Paulo


Sem a disputa das finais, evento-teste de BMX é encerrado devido à chuva

O evento-teste de ciclismo BMX dos Jogos do Rio, que deveria ser disputado neste fim de semana,—sábado e domingo— durou pouco mais de duas horas em Deodoro, zona oeste.

Além dos diversos problemas com a pista do Parque Radical, que chegaram a adiar o início da competição em um dia, a forte chuva da tarde de domingo (4) interrompeu a competição antes das provas finais.

Segundo os organizadores, a pista molhada ficou escorregadia e poderia aumentar o risco de queda.

Mesmo assim, os organizadores decidiram realizar a cerimônia de entrega de medalhas, premiando os atletas que obtiveram os melhores tempos durante as fases de classificação.

A chuva, porém, não foi o maior problema da organização do evento. Na sexta-feira (2), os atletas se recusaram a competir na pista. Segundo os ciclistas, o traçado poderia ocasionar acidentes, em razão de as rampas estarem muito íngremes para os saltos e inadequadas para a aterrissagem.

No sábado (3), operários trabalharam no circuito para tentar atender os competidores. Mais asfalto foi colocado nas rampas para acertar a inclinação e alguns pontos receberam saibro para amenizar o impacto das aterrissagens.

As mudanças, ainda assim, não foram suficientes para garantir que as provas ocorressem como planejado inicialmente. Parte do piso do traçado masculino não teve a compactação necessária, por causa da pressa com que foram realizadas as alterações. Com isso, eles tiveram de competir no mesmo circuitos que as mulheres, que é um pouco menor.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, admitiu o problema. "Um atleta suiço com quem conversei disse que a pista melhorou muito, mas sabemos que ela vai precisar de novos ajustes. Eventos-teste servem para isso", afirmou o prefeito. Paes também argumentou que o traçado foi aprovado pela União Ciclística Internacional (UCI) e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

NUZMAN CRITICAM DELEGADO DA PROVA

O adiamento, porém, não agradou ao presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzma. Para o dirigente, a prova deveria ter começado no sábado a despeito das reclamações dos competidores.

"O delegado técnico da prova foi fraco [ao adia], esse é um esporte radical, quem não quer obstáculos deve procurar outro esporte. O delegado tem de saber o que a federação aprovou", disse Nuzman.

Agberto Guimarães, diretor de esportes do Comitê Rio-2016, considerou que houve falha na comunicação entre a UCI e os atletas. "Eles (UCI) deveriam ter uma comissão com a participação de técnicos e atletas antes de homologar a pista, como ocorre na Fórmula 1. Não dá para por esse problema na nossa conta", justificou.

Os atletas, por outro lado, reiteraram as críticas à pista. "A decisão de não correr [tomada na sexta-fera] foi unânime. A pista estava muito perigosa. Uma Olimpíada não é o momento de inovar, radicalizar a pista", explicou o piloto brasileiro Renato Rezende. A disputa conta 96 atletas, de 30 países.

Até a Olimpíada não serão realizados novos eventos-teste no local. As delegações, no entanto, poderão treinar na pista.


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