Folha de S. Paulo


Quatro dos maiores patrocinadores da Fifa pedem saída de Blatter

Quatro dos principais patrocinadores da Fifa pediram nesta sexta-feira (2) pela primeira vez que Joseph Blatter deixe imediatamente o cargo de presidente da entidade.

Em comunicados separados, mas divulgados praticamente ao mesmo tempo, as gigantes Coca-Cola, Visa, McDonald´s e Budweiser (AB InBev) alegaram que a saída do suíço é fundamental para que o processo de reforma na Fifa tenha credibilidade.

"A cada dia que passa, a imagem e a reputação da Fifa continuam a ser manchadas. A Fifa precisa de uma reforma ampla e urgente, que só pode ser realizada com uma abordagem verdadeiramente independente", disse a Coca-Cola, patrocinadora desde a década de 1970.

"Nós acreditamos que a renúncia de Joseph Blatter da Fifa imediatamente seria o melhor", afirmou o McDonald´s, que atua desde 1994 na entidade.

Todas as empresas têm contratos pelo menos até a Copa de 2022, no Qatar. Estima-se que só a Coca-Cola, por exemplo, gaste pelo menos US$ 30 milhões por ano com a Fifa.

O advogado de Blatter, Richard Cullen, emitiu nota informando que o dirigente não vai atender ao pedido dos patrocinadores.

"Blatter respeitosamente discorda e acredita firmamente que deixar seu posto agora não seria de melhor interesse para Fifa, nem avançaria o processo de reforma, e, portanto, ele não vai renunciar", disse.

Blatter promete sair oficialmente em 26 de fevereiro, quando ocorre a eleição convocada por ele em 2 de junho, dia em que anunciou que desistiria do mandato de quatro anos para o qual acabara de ser reeleito.

A pressão dos patrocinadores é mais um revés para o cartola, praticamente isolado no cargo. O gesto das gigantes ocorre uma semana depois da abertura de uma investigação criminal contra Blatter por parte do Ministério Público da Suíça por supostas irregularidades num contrato de direitos de transmissão na América Central e em um pagamento de 2 milhões de francos (R$ 8,3 milhões) ao presidente da Uefa, Michel Platini, favorito para sucedê-lo na eleição.

Investigação na Fifa

A Fifa vive a maior crise de sua história, que eclodiu após vir à tona a investigação conduzida pelas autoridades dos Estados Unidos, que levou no dia 27 de maio à prisão de sete cartolas em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Desde então, Blatter se mantém recluso na Suíça. Anunciou que não ficaria mais no posto a partir do ano que vem e criou um comitê para implementar reformas, que incluem, entre outras coisas, divulgação dos salários dos cartolas, uma regra de "ficha-limpa" para ser dirigente e um limite de mandato nas entidades ligadas ao futebol em todo o mundo.

Mesmo assim, a Fifa não consegue sair do centro da crise no cenário internacional, o que tem incomodado os grandes patrocinadores, a maioria com contratos até a Copa de 2022, cujo torneio, aliás, tem sido alvo de denúncias de corrupção no processo de escolha da sede e de uso de trabalho escravo na construção de estádios.

Outro patrocinador de peso, a Adidas não pediu a renúncia do presidente Joseph Blatter em comunicado enviado à imprensa no sábado (3).


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