Folha de S. Paulo


Apesar de suspeita, Platini se mantém favorito à presidência da Fifa

A citação do presidente da Uefa, o francês Michel Platini, como beneficiário de um pagamento milionário e suspeito feito pela Fifa, a mando de Joseph Blatter, joga luz sobre uma candidatura considerada imbatível até agora para a presidência da entidade.

Platini se defende, mas não explica porque recebeu 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões na cotação de hoje) em 2011 (ano de reeleição de Blatter) por serviços prestados à entidade entre 1999 e 2002, quando atuava como espécie de conselheiro político do suíço.

Soma-se a isso a velha sombra do nome dele vinculado ao suposto esquema de compra de votos para escolha do Qatar como sede da Copa de 2022. Platini apoiou o Qatar, mas nega ligação com subornos.

Apesar de a crise de agora respingar pela primeira vez no francês, ele conta, por enquanto, com dois fatores para se manter na corrida e devolver à Europa o controle da Fifa: nenhum dos que demonstram intenção de concorrer tem chances reais de batê-lo e o tempo que resta para registro de candidatura (um mês) parece curto para o surgimento de alguém capaz de tal proeza.

Investigação na Fifa

Pelas regras da Fifa, termina no dia 26 de outubro o prazo para oficialização de quem quer disputar a eleição de 26 de fevereiro, convocada após Blatter desistir em junho do mandato para o qual acabara de ser eleito.

Nem juntos o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, o brasileiro Zico e o sul-coreano Chung Mong-joon têm hoje a força do ex-jogador francês entre as 209 federações filiadas à Fifa que escolhem o presidente.

A ameaça poderia vir de um candidato de Blatter, um dirigente forte entre a cartolagem africana e asiática. Nas cordas, no entanto, o suíço agora deve priorizar sua defesa e a luta para evitar a condenação e o vexame da prisão ao invés de se dedicar ao sucessor.

Além do suporte da Uefa que preside, Platini conta, pelo menos até agora, com apoio das fragilizadas Conmebol e Concacaf, que tiveram dirigentes presos na Suíça. Peça-chave no tabuleiro, a Confederação Asiática de Futebol, que reúne 46 federações, teria sido decisiva para Platini anunciar de vez a candidatura em agosto.

O mesmo, no entanto, não se pode dizer da Confederação Africana, dirigida pelo camaronês Issa Hayatou e aliada de Blatter. Com 54 votos, o continente pode ser o ponto de partida para quem quiser tentar derrubar o francês.


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