Folha de S. Paulo


Del Nero volta a dizer que não deixará presidência da CBF

Divulgação
Marco Vicente
O deputado Marcus Vicente na Câmara dos Deputados, em fevereiro

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, afirmou nesta quarta-feira (16) que não deixará a presidência da entidade.

"O presidente Marco Polo Del Nero esclarece que jamais cogitou ou externou a quem quer que seja a possibilidade de se licenciar do exercício da presidência da Confederação Brasileira de Futebol. O dirigente reitera que cumprirá integralmente o mandato de quatro anos para o qual foi democraticamente eleito por federações e clubes", disse Del Nero em uma nota publicada no site da CBF.

A declaração do dirigente foi uma resposta para o deputado federal Marcos Vicente (PP-ES), que afirmou que aguardava um parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara para saber se poderia substituir Del Nero caso o dirigente pedisse licença do comando da CBF.

De acordo com Vicente, a consulta à CCJ teve o aval de Del Nero após uma reunião com dirigentes da CBF, no dia 30 de agosto.

Ele é um dos cinco vices da entidade e o preferido de Del Nero para substituí-lo em caso de licença. Pelo estatuto da CBF, o presidente pode se licenciar do cargo por até seis meses. Nesse caso, ele tem o direito de escolher o seu substituto entre os vices.

Vicente é deputado federal e presidente estadual do Partido Progressista (PP). No ano passado, ele foi eleito para o quarto mandato parlamentar, com 45.525 votos. Além disso, é um dos líderes da CBF em Brasília.

SUCESSÃO

Investigado pelo FBI e pela CPI do Futebol, Del Nero pode se licenciar do cargo para se defender.

Em junho, ele tentou mudar o critério para sua sucessão, mas não conseguiu.

Em caso de renúncia, o mais velho substitui o mandatário. O presidente da Federação de Futebol de Santa Catarina, Delfim Peixoto, 74, é o primeiro na linha de sucessão. Peixoto se desentendeu várias vezes com Del Nero nos últimos meses.

Além de Vicente e Peixoto, os outros vices da CBF são o alagoano Gustavo Feijó e o maranhense Fernando Sarney.

Preso na Suíça desde maio em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos, José Maria Marin também era vice de Del Nero. Marin é investigado pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção. Del Nero é suspeito de participação no esquema.

Na última segunda-feira (14), a procuradora-geral de Nova York, Loretta Lynch, informou que novos dirigentes deverão ser detidos e indiciados sob a acusação de corrupção no futebol.

No mês passado, os senadores quebraram o sigilo bancário e fiscal do presidente da CBF.

SEM VIAJAR

Antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial, Del Nero jamais faltado havia faltado a um evento importante da Fifa para o qual havia sido convocado. Após a prisão de Marin, o presidente da CBF optou por não sair mais do Brasil.

Para começar, foi embora de Zurique antes mesmo do congresso da Fifa que definiria a quarta reeleição de Joseph Blatter na presidência.

Em julho, foi o único dos 27 membros do comitê executivo que não compareceu na reunião extraordinária do órgão que visava definir a data da eleição para a sucessão de Blatter. Também faltou ao Mundial de futebol de praia, realizado em Espinho, Portugal.

Ele também não foi ao Chile acompanhar de perto a seleção brasileira na fracassada campanha da Copa América. O diretor de marketing da CBF, Gilberto Ratto, esteve o tempo todo com a delegação, e o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, fez bate e volta pelo menos três vezes para acompanhar os jogos.

O dirigente faltou também a uma reunião do Comitê Executivo da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) –enviou como representante do país Fernando Sarney, um dos vices-presidentes da CBF e filho do ex-presidente José Sarney–, além de não acompanhar os amistosos da seleção brasileira nos EUA.


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