Folha de S. Paulo


Fabiana Murer fica entre choro e alívio com proximidade de aposentadoria

Fabiana Murer terminou muito bem a penúltima temporada de sua carreira. Igualou seu melhor salto, que é recorde sul-americano, 4,85m, no Mundial de Pequim, onde foi prata. Também foi vice-campeã da Liga Diamante (principal circuito de atletismo do mundo) e dos Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Com tais resultados, concluiu uma década entre as dez melhores do planeta no salto com vara. Justamente no ano que precede o de sua aposentadoria, que vai ocorrer logo após os Jogos Olímpicos do Rio.

"São emoções diferentes. Uma hora quero chorar, porque está acabando; às vezes quero que acabe logo, porque é muita pressão. Fico emocionada em pensar como foi minha carreira. Sempre quis fazer história no atletismo, e quero continuar fazendo. Até pensei em parar antes, mas continuei porque quero fazer essa Olimpíada em casa. Mas bate umas tristezas porque já está acabando, e agora estou saltando tão bem. Por outro lado, sempre quis parar saltando bem", analisa Fabiana, 34.

Campeão mundial em pista coberta, em 2010, e na descoberta, em 2011, ouro no Pan do Rio, em 2007, bicampeã da Liga Diamante (2013 e 2014). Enfim, a coleção de títulos e outras medalhas deixa Fabiana em um lugar especial na história do salto com vara feminino no mundo. Mas falta um grande desempenho em Jogos Olímpicos, após decepções em Pequim-2008 e Londres-2012.

"Ganhar uma medalha em Mundial e Olimpíada é sempre muito difícil. Passei por situações ruins, mas todas as experiências foram importantes para meu crescimento técnico, físico e mental", afirma.

"Não é fácil aguentar toda pressão, a cobrança, tem altos e baixos, momentos em que não acha possível ter resultados. Já pensei que estava no final da carreira, que era hora de parar. Mas depois vem aquele ânimo. Este ano, por exemplo, foi muito bom para mim, estou muito contente com os resultados. Quando comecei o ano não acreditava que ia ser tão bom. Graças aos treinos e a confiança das pessoas que estão do meu lado consegui melhorar meus resultados. Agora tem mais um ano pela frente", diz.

Como prêmio pelo desempenho em 2015, a saltadora paulista foi homenageada nesta sexta-feira (11) por seu clube e recebeu uma barra de 300 gramas de ouro da BM&F Bovespa (presente que, hoje, vale cerca de R$ 40,800). A corredora Juliana Gomes dos Santos também recebeu a premiação devido ao ouro no Pan de Toronto, em julho, na prova dos 5.000 m (ela foi a única campeã do Brasil em provas de pista nos Jogos).

Nesta semana Fabiana entrou em férias, que durarão um mês. Ela volta a treinar de outubro até o fim de janeiro, começa a competir em fevereiro, na Europa, e, depois, vai para o Mundial em pista coberta nos EUA antes de retomar os treinos no Brasil já pensando na Olimpíada do Rio.

"Continuo acreditando que posso melhorar minha marca. Lá no Mundial fiz saltos bons, próximos dos 4,90 m. Tenho melhorado minha técnica. Objetivo é deixar o recorde o mais alto para as próximas gerações", conclui Fabiana.


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