Folha de S. Paulo


Opinião

No Fluminense, Ronaldinho tem só lampejos de craque

Ronaldinho Gaúcho jogou sua sexta partida pelo Fluminense domingo (30), na derrota de 2 a 1 para o Atlético Mineiro. Foi mais uma atuação apagada do craque.

Parado em campo, errou quase todos os lançamentos que tentou, não deu um chute a gol e foi substituído aos 22 minutos do segundo tempo, sob vaias da torcida. Nessas seis partidas, soma três vitórias e três derrotas.

Sua melhor atuação pelo Fluminense foi na estreia, há um mês, contra o forte time do Grêmio. Ele brigou muito, fez bons passes e o lançamento que originou o gol da vitória do time carioca.

Depois disso foram cinco jogos muito ruins.

Claro que nenhum torcedor do Fluminense esperava que Ronaldinho Gaúcho, aos 35 anos, decidisse todas as partidas. Mas havia –há, ainda– uma grande esperança de que ele pudesse fazer uma ótima dupla com Fred.

As seguidas contusões do centroavante, no entanto, não deixaram, e a dupla só atuou junta em duas partidas, vitórias contra Figueirense e Paysandu.

Ronaldinho parece muito menos eficiente do que quando chegou ao Atlético Mineiro, em 2012. Naquele time, Cuca montou um esquema em que um bando de moleques corria pelo veterano, que jogava solto pelos lados do campo e com liberdade para criar. Foi graças a Ronaldinho que jogadores como Bernard e Jô chegaram a uma Copa do Mundo.

No Fluminense, o técnico Enderson Moreira ainda não conseguiu armar um time que jogue pelo craque. O treinador chegou a escalar Ronaldinho de centroavante, em um dos inúmeros jogos em que o time não pôde contar com Fred.

Mas existe uma forte suspeita que amedronta os torcedores do Fluminense: talvez o problema não seja o esquema, mas o próprio Ronaldinho Gaúcho.

Será que ele finalmente chegou ao ponto da carreira em que mais atrapalha que ajuda? Muitos torcedores desconfiam que sim, e tenho certeza que uma enquete, hoje, apontaria que a grande maioria apoia sua barração.

Talvez ele renda mais entrando na última meia hora de jogo, com o time adversário marcando menos.

Mas craque é craque, e igual a Ronaldinho Gaúcho não existiram muitos.

TORCIDA BOQUIABERTA

No jogo contra o Paysandu, no Maracanã, ele fez uma jogada que deixou a todos boquiabertos: numa rebatida alta da defesa, matou a bola com um toque circense e, de calcanhar, deu um passe lindo para um contra-ataque.

Foi um lampejo em meio a uma atuação apagada, mas que deu à torcida do Fluminense um gostinho do que ele poderia fazer se estivesse sempre focado no jogo. E nessa carência de craques em que vive o futebol brasileiro, talvez ainda valha a pena apostar na genialidade.

O jornalista ANDRÉ BARCINSKI, 47, é torcedor do Fluminense


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