Folha de S. Paulo


Casos de doping ofuscam atletismo antes do Mundial de Pequim

Gabriel Bouys - 10.ago.12/AFP
ORG XMIT: 822 Turkey's Asli Cakir Alptekin (R) wins the women's 1500m final next to Turkey's Gamze Bulut (L) at the athletics event of the London 2012 Olympic Games on August 10, 2012 in London. AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Asli Cakir Alptekin (à direita) perdeu a medalha de ouro conquistada em Londres por doping

"Tudo o que tenho ouvido nas últimas duas semanas é doping, doping, doping. A maioria das questões é sobre doping, é realmente triste."

O desabafo do superastro jamaicano Usain Bolt, 29, na última quinta-feira (20), resume a percepção geral sobre o Mundial de Pequim, que começou na noite desta sexta (21).

A competição, que reúne 1.936 atletas de 207 países no Ninho de Pássaro, começa sob a sombra de uma série de dúvidas sobre a credibilidade da própria modalidade.

No início do mês, o jornal britânico "The Sunday Times" e a rede alemã ARD/WDR denunciaram com base em documentos que 800 atletas testados entre 2001 e 2012 tiveram resultados de exames de sangue "altamente sugestivos de doping ou pelo menos muito anormais".

Ainda segundo ambos, 146 medalhas olímpicas e mundiais foram obtidas por atletas cujos testes apontam para uso de substâncias ilegais.

Tudo seria acobertado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo). Dias depois, a entidade afirmou que reanalisou exames retidos de 2005 a 2007 e verificou 32 novos casos positivos em 28 atletas –nenhum estaria em Pequim.

Em meio a isso, a associação elegeu um novo presidente, o britânico Sebastian Coe, que prometeu estudar a implantação de órgão antidoping independente, que deve ser discutido em outubro.

Em entrevista coletiva nesta sexta, o ainda mandatário, Lamine Diack, disse ser "ridículo" achar que houve acobertamento. "A credibilidade do nosso esporte não foi afetada", protestou. Ele tinha em sua companhia o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, que também negou que o atletismo esteja em crise.

REVELAÇÃO

A partir de 7h40 (de Brasília) deste sábado, Thiago Braz, 21, tenta se redimir da má atuação no Pan de Toronto na eliminatória do salto com vara em Pequim.

Maior nome da nova safra nacional, ele chegou ao Canadá após quebra do recorde sul-americano na prova (5,92 m), mas não acertou nenhum salto.

"Sempre há uma expectativa quando um atleta consegue um bom resultado, é normal", disse o técnico dele, Vitaly Petrov.

O ucraniano crê que Braz está "pronto" para ter atuação superior à do Pan.


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