Folha de S. Paulo


Brasil atinge marca inédita em medalhas de ouro no Parapan

Leandra Benjamin/Mpix/CPB
Canadá, Toronto, Atos Makham Centre,Tênis de Mesa, ©Leandra Benjamin /MPIX/CPB
Equipe de tênis de mesa no Parapan de Toronto

Com 15 medalhas de ouro, o tênis de mesa do Brasil quebrou, em Toronto, no Canadá, seu recorde histórico da mais alta premiação em Jogos Parapan-Americanos, que era de 11 ouros. Ao todo, a modalidade conquistou 31 pódios, o que também é uma marca inédita.

Na quinta-feira (13), o hino brasileiro tocou três vezes na arena Markhan, com as vitórias em equipes de David Freitas, Welder Knaf e Alexandre Ank, Luiz Felipe Manara, Paulo Salmin e Israel Stroh e Carlos Carbinatti, Claudio Massad e Diego Moreira.

"Trabalhamos demais e sabíamos que, uma hora, seríamos recompensados. Não foi uma surpresa para a gente esse grande resultado. Queremos mostrar para o Brasil que podemos chegar longe e dar muito orgulho", afirmou Paulo Salmin.

Já o mesa-tenista David Freitas cobrou mais apoio e reconhecimento para a modalidade e para os atletas. "Muitos de nós não conseguimos nos dedicar exclusivamente ao esporte ainda e temos de trabalhar em outros ramos para manter nossas famílias. Espero que os resultados que estamos trazendo sirvam para termos mais atenção", disse.

A soma recorde de premiações garantiu também vagas para a Paraolimpíada do Rio, nas disputas individuais, para dez atletas. Na disputa do ano que vem, porém, o Brasil terá de enfrentar potências mais tradicionais no esporte como China, Coreia do Sul e Alemanha.

"Sabemos que vamos ser muito pressionados para ganhar tudo no Rio, que vamos chamar a atenção porque podemos dar bons resultados e isso tem um lado muito bom, o da inclusão. As pessoas começam a entender que esporte é para pessoas com deficiência e para pessoas sem deficiência, declarou Claudio Massad.

DORES

A conquista do bicampeonato individual no Parapan, na categoria 4 –os atletas são divididos conforme suas habilidades motoras e sensoriais–, para a mesa-tenista Joyce Oliveira, 25, de Jundiaí (SP), teve um custo elevado: para treinar e se preparar para Toronto, ela teve de adiar uma cirurgia na coluna.

"Sinto muitas dores, há quatro meses, mas eu queria estar aqui, queria competir. Graças ao trabalho excelente das fisioterapeutas, pude competir e ganhar. Mas, agora, fico parada até o final do ano para me tratar", disse.

Joyce ficou tetraplégica na infância, após a cobertura de uma parada de ônibus ter desabado sobre ela. Ela teve de colocar hastes de platina na coluna que, agora, precisam ser reposicionado.

Ao lado de Maria Luiza Passos, 54, a mais velha atleta da delegação brasileira, Joyce chegou a ir para a final, nas duplas, mas as brasileiras foram derrotadas para as mexicanas e ficaram com o bronze.

O Brasil lidera com folga o Parapan de Toronto, com 75 medalhas, seguido de Canadá, 39 e EUA, 28. A natação foi o esporte que, até agora, mais ouro rendeu para o país, 25.

A depender dos resultados desta sexta-feira (14), outro feito inédito poderá ser conseguido pela delegação brasileira nos jogos: medalhar em todas as modalidades em disputa.

* O jornalista viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.


Endereço da página:

Links no texto: