Folha de S. Paulo


'Não permitimos manifestações', diz chefe de árbitros após protestos

Os árbitros de futebol protestaram nesta quarta-feira (12) contra o veto da presidente Dilma Rousseff a artigo do Profut que daria o direito à categoria de receber parte do dinheiro que é pago pelo direito de arena (fatia do valor dos direitos de transmissão).

Nos sete jogos da Série A do Brasileiro, o quarteto de arbitragem retardou o início da partida por um minuto, parado no meio de campo.

Durante o minuto, o quarto árbitro levantou a placa eletrônica, usada para informar as substituições, com o número 0,5 em destaque. É a porcentagem de direito de arena que constava do artigo vetado pela presidente na lei de responsabilidade fiscal.

Somente na partida entre Inter e Fluminense, no Beira-Rio, o número da placa foi 671, o mesmo da medida provisória que deu origem à lei.

Os árbitros também entraram em campo com uma tarja preta no braço. No jogo entre Corinthians e Sport, no Itaquerão, a torcida ignorou o protesto e continuou gritando "Timão" durante o ato.

"Estamos há tempos pleiteando esse direito. O árbitro tem sua imagem exposta em todos os jogos. Por isso, a manifestação", explicou Marco Antônio Martins, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol).

A CBF, que não havia sido informada sobre o protesto, se disse contra a atitude.

"Não permitimos manifestações. Vamos analisar o ocorrido e acionar o departamento jurídico e a corregedoria", disse Sérgio Corrêa, chefe da comissão de arbitragem da confederação.

Inicialmente, a Anaf pensava em parar as partidas por um minuto quando o relógio batesse nos cinco minutos do primeiro tempo. Os árbitros ficariam com a bola nas mãos.

Mas o departamento jurídico da entidade entendeu que abriria brecha para que os profissionais fossem punidos pelo (STJD) Superior Tribunal de Justiça Desportiva, por afetar o andamento da partida.

A manifestação teve o apoio de jogadores que fazem parte do Bom Senso FC, movimento de atletas que fizeram manifestações semelhantes em 2013 por melhorias de gestão nos clubes.

O direito de arena é pago ao atleta por ter sua imagem veiculada em transmissões de jogos. Por lei, os clubes são obrigados a repassar aos sindicatos dos jogadores 5% do que recebem de direito de TV, para que depois o valor seja enviado aos profissionais.

A Anaf conseguiu incluir no texto da medida provisória o recebimento de 0,5% desse montante, o que, na conta da associação, renderia anualmente aos árbitros até R$ 8 milhões.

Nesta quinta (13), a entidade dos árbitros entrará com ação na Justiça pedindo que seja proibido que a imagem do juiz apareça em transmissões de TV. Nesta quinta também acontecerá assembleia onde será discutido o veto.

Colaborou GUILHERME SETO, de São Paulo


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