Folha de S. Paulo


CPI do Futebol aprova requerimento para ouvir José Maria Marin na Suíça

A CPI do Futebol aprovou nesta terça-feira (4) requerimentos para ouvir os depoimentos do ex-presidente da CBF José Maria Marin, que está preso na Suíça, e do dono da empresa de marketing esportivo Traffic, José Hawilla, que vive nos EUA.

Os requerimentos foram aprovados pelo senador Romário (PSB-RJ), presidente da CPI que tem como objetivo investigar contratos realizados pela CBF.

Ainda não há data para as viagens, mas Romário informou, por meio de sua assessoria, que não acredita que a Justiça da Suíça ou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos vão apresentar empecilho para que Marin e Hawilla sejam ouvidos.

Primeiro, porém, a CPI pedirá a quebra de sigilos bancários e fiscal e solicitará documentos para ter base para poder interrogar ambos.

Viajarão Romário, o relator Romero Jucá (PMDB-RR) e mais um senador a ser definido.

Jucá se reúne na tarde desta terça (4) com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e com representantes da Polícia Federal para discutir como a CPI pode acompanhar as investigações internacionais sobre a Fifa e a CBF.

"Primeiro queremos saber se o Ministério Público e a Polícia Federal estão acompanhando [as investigações internacionais] para saber o que, em tese, podemos ter acesso ou não. A partir daí vamos ver como podemos receber informações, dentro do limite da legislação americana", explicou Jucá.

Segundo o senador, a comissão partirá das investigações contra a CBF e a Fifa, mas pretende também avançar em relação à melhoria do esporte no país.

"Esse é o ponto de partida mas a gente quer discutir algumas coisas a mais do futebol brasileiro. A questão da organização dos clubes. A ideia não é só investigar e punir. A ideia é construir normas que evitem que esses erros se repitam e a gente possa modernizar a relação do futebol brasileiro com as empresas, com o sistema de sustentabilidade do futebol que é a economia", disse.

A Procuradoria-Geral da República disse que já pediu aos dois países as informações, mas que só poderá compartilhá-las com a CPI se as autoridades suíças e americanas autorizarem.

A Folha apurou que o Ministério Público Federal considera pouco provável receber o aval para entregar o material aos parlamentares, principalmente por parte dos Estados Unidos, onde a investigação está a cargo do FBI, a Polícia Federal daquele país.

A reunião ocorreu na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e durou 50 minutos.

Além de Jucá, estavam presentes outros sete senadores, entre eles Romário (PSB-RJ), principal entusiasta da CPI, Humberto Costa (PT-PE), líder do PT, e Ciro Nogueira (PP-PI).

NO BRASIL

Outro requerimento aprovado foi o que pretende ouvir o depoimento dos 27 presidentes de federações estaduais de futebol. Eles serão convidados, a principio, a ir até Brasília, mas caso seja necessário poderão ser convocados.

"Aprovamos o requerimento para ouvir membros das 27 federações de futebol. A gente sabe que quase todas tem seus problemas e não podemos ouvir apenas uma ou duas, mas todas", escreveu Romário em uma rede social.

Marin está preso desde 27 de maio, acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de receber propina para fechar acordos para comercialização dos direitos de torneios como a Libertadores e a Copa do Brasil

Hawilla colabora com a Justiça dos EUA na investigação e admitiu ter pagado suborno para fechar alguns desses acordos.

A defesa de José Maria Marin afirmou à Folha que ainda não foi procurada pela CPI e que precisa consultar os advogados do dirigente na Suíça para saber a viabilidade de uma ida dos parlamentares à prisão em Zurique.

Advogado de Hawilla, José Luis Oliveira Lima não foi encontrado para comentar o caso.


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