Folha de S. Paulo


Em Kazan, nadadora põe Kosovo no mapa da natação

Flaka Pruthi consumou somente o 63º melhor tempo nos 100 m costas nesta segunda-feira (3) no Mundial de Kazan, mas sua mera participação valeu como um pódio.

A nadadora de 16 anos pôs Kosovo no mapa dos esportes aquáticos. O país, reconhecido em 2008 e cuja trajetória é marcada por guerras, foi aceito pela federação internacional de natação e enviou representantes a um Mundial pela primeira vez –outro que estreia é o Haiti.

O COI (Comitê Olímpico Internacional) também reconheceu a nação da região dos Bálcãs, em dezembro passado, sob protesto da Sérvia, de quem Kosovo declarou independência unilateralmente.

Em Kazan, são quatro nadadores: dois homens e duas mulheres. Basta uma breve conversa com Flaka para descobrir que as guerras refletiram no esporte. "Não temos muitas piscinas para praticar a natação e também não temos técnicos", contou.

Ela afirmou que vive em Kosovo, mas cumpre uma rotina frequente de ir à Albânia treinar. "Lá há melhores treinadores do que em Kosovo. Nós nos sacrificamos para sermos bons nadadores. Alguns outros atletas também costumam ir à Bulgária. Estou esperançosa, mas não sei se as coisas vão melhorar".

Kosovo tem cerca de 1,8 milhão de habitantes e, segundo Flaka, talentos esportivos no boxe, nas lutas e no judô.

Por sinal, no tatame, o país tem uma bicampeã mundial: Majlinda Kelmendi. "Mas ainda não temos bons nadadores", lamentou-se Flaka.

Apesar disso, a atleta, que nada há dez anos, disse estar "muito empolgada". "Eu me senti muito bem. Aqui, fiz o meu melhor tempo", contou.

O tempo de 1min14s29 pode ter sido bom para ela, mas pouco representou dentro da prova. Melhor das semifinais, a australiana Emily Seehbom registrou 58s56. E quem disse que Flaka se importa?

"Quero ser campeã. Nós fazemos muitos sacrifícios", disse a nadadora, cujo objetivo é disputar os Jogos Olímpicos do Rio.


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