Folha de S. Paulo


Toronto tem festa com Pan ou sem Pan

Mariliz Pereira Jorge/Folhapress
Fotos da praça Nathan Phillips, onde acontece todos os dias a Panamania
Foto da praça Nathan Phillips, onde acontece todos os dias a Panamania

As ruas de Toronto estão lotadas. Desde muito cedo, até muito tarde, para onde você olha tem gente. Muito tarde mesmo. Perto da meia-noite, há grupos de pessoas, famílias, amigos, garotas, andando por todos os lugares.

Gostaria de dizer que o espírito do Pan finalmente contaminou os moradores e turistas que visitam a cidade, mas o que contaminou essa gente foi o verão. O calor demorou a chegar. E ainda parece indeciso se firma o tempo ou não. Num dia faz 28º, no outro 17.

Há dois dias, a sensação térmica é "vontade-de-ficar-pelado-com-uma-cerveja-na-mão-embaixo-de-uma-sombra". É esse calorão todo que tirou as pessoas de casa e está lotando a rua e as festas da programação da Panamania, o festival de artes e cultura, que acontece paralelamente ao Pan. É como a FanFest durante a Copa.

No primeiro final de semana dava até pena. Grupos se apresentando para meia dúzia de canadenses pingados. A pergunta era: vai pegar? Não vai pegar? Pegou, mas pegou na marra.

No sábado (18), muita gente simplesmente foi embora de uma das arenas, depois da final da ginástica rítmica, em que o Brasil foi campeão por equipe, sem nem dar uma passadinha no Parque Pan-Americano. O "parque" foi montado numa área que reúne arenas, onde estão sendo disputadas várias modalidades.

Mariliz Pereira Jorge/Folhapress
Foto da praça Nathan Phillips, onde acontece todos os dias a Panamania
Foto da praça Nathan Phillips, onde acontece todos os dias a Panamania

Tem de tudo lá. Palcos para shows, barraquinhas de alimentação, patrocinadores faturando de formas bem inteligente. Uma marca de carro montou um autorama gigante. Uma companhia de celular tem estande com cabos para carregar celulares. Amém. Telões transmitindo os jogos. E cadeiras vazias.

A empresa de cerveja tem uma geladeira com uma entrada de som onde as pessoas têm que dizer em seis línguas "eu sou canadense". Se a máquina reconhece a língua, os participantes ganham prêmios. Ganhei um chapéu e uma bandeira do Canadá. Aparentemente não havia muitos brasileiros ou portugueses disponíveis. Aparentemente não havia muita gente de lugar nenhum disponível.

Uma semana depois o calor está dando as caras com vontade e a cidade parece mais festiva. O Pan parece mais festivo. Algumas arenas continuam meio vazias, mas as áreas espalhadas pela cidade para festejar os jogos e envolver as pessoas estão mais movimentadas.

Agora há pouco, a praça Nathan Phillips, um dos pontos mais centrais de Toronto, continuava lotada desde a tarde. Gente fazendo selfie com o símbolo gigante do nome da cidade ao fundo, curtindo os shows, comprando suvenires na lojinha do Pan. O show da cantora canadense Kiesza estava explodindo. Pela primeira vez vi pessoas formando fila para comprar ingressos para os Jogos.

A praça do Pan também tinha gente saindo pelo ladrão. Filas para comprar comida. Filas para os banheiros químicos. Público bom nos shows. Telões transmitindo os jogos. Cadeiras lotadas.

Uma das coisas mais chatas mesmo é a restrição do consumo de bebidas alcoólicas nas ruas. Com o calorão todo, todo mundo, eu pelo menos, pensa duas vezes em entrar no cercadinho reservado para esses fins. É uma área VIP forçada. E, vejam só, neste domingo tinha fila para entrar no cercadinho.

A festa continua até o final dos Jogos. Todos os dias, a partir das 10h da manhã, já tem coisas acontecendo. Se o verão resolver ficar mais uns dias por aqui, a organização poderá dizer que a Panamania foi um sucesso.


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