Folha de S. Paulo


Flamengo e Vasco festejam MP, mas discordam sobre alterações no texto

Apesar de terem assumido papéis divergentes na discussões sobre a medida provisória que refinancia as dívidas fiscais dos clubes com a União, os presidentes de Flamengo e Vasco concordam que ela será benéfica para o futuro do futebol brasileiro.

O texto foi aprovado na terça-feira (7) pela Câmara dos Deputados. Para se tornar lei, ele precisa passar pelo Senado até o dia 17 de julho.

A MP prevê o parcelamento em até 20 anos das dívidas fiscais com o governo federal.

Para usufruírem desse benefício, os clubes de futebol precisam se comprometer a uma série de contrapartidas.

Entre as novas regras que entrarão em vigor em caso da aprovação da medida está a necessidade de os clubes apresentarem suas Certidões Negativas de Débitos para poderem participar de campeonatos oficiais. A pena para quem não estiver com as contas em dia é o rebaixamento.

"Foi uma grande vitória porque avançamos em vários pontos relativos à gestão. Foram aprovadas medidas de responsabilidade, controle de gastos e limitação de mandatos", afirmou à Folha o mandatário do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

"Ela não é ideal, até porque nem poderia ser, mas foi boa, sim. Sou amplamente favorável a todas contrapartidas, inclusive o rebaixamento. É claro que vamos aderir a ela" disse Eurico Miranda, mandatário do Vasco.

Apesar de concordarem a respeito da importância da MP do futebol, os cartolas rivais discordam radicalmente em relação às mudanças que foram realizadas no texto original.

Uma das alterações foi a retirada da obrigatoriedade da extinção do déficit financeiro dos clubes até 2021. O novo texto permite a existência de um prejuízo de até 5%.

Outra mudança foi o aumento de 70% para 80% do teto da receita bruta destinada ao pagamento da folha salarial da equipe profissional.

Além disso, os deputados retiraram do texto a inclusão de novos critérios para a formação do colégio eleitoral nas 27 federações estaduais.

"Ficou aquele gostinho de água no chope porque tiraram em cima da hora aquele artigo que permitiria redemocratizar as federações", disse Bandeira de Mello, que tinha um discurso mais próximo ao do Bom Senso FC, grupo que representa os interesses dos jogadores.

Já Eurico, cuja linha de pensamento é semelhante à dos deputados da chamada bancada da bola, composta por dirigentes ou gente ligada a cartolas, comemorou as alterações de última hora.

"Eu era contrário apenas àquilo que considero uma intervenção na administração do futebol, e isso foi retirado. Não se pode inserir uma medida que obrigue federações a proceder de uma determinada maneira. Não é algo no qual o Estado deva intervir", disse o presidente vascaíno.

Ambos já confirmaram que irão aderir ao programa de refinanciamento caso ele entre em vigor. O Flamengo já teve toda sua dívida com a União refinanciada, enquanto o Vasco possui uma dívida fiscal ativa de R$ 9 milhões.


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