Folha de S. Paulo


Após 16 anos, atletas brasileiros voltam a um Pan no Canadá

Pela terceira vez, o Canadá recebe os Jogos Pan-Americanos. Nas três, a família Veloso representou o Brasil nos saltos ornamentais.

Júlio competiu em Winnipeg-1967. Sua filha, Juliana, saltou na mesma cidade em 1999. E, agora, ela volta ao país neste mês, em Toronto.

Além de Juliana, ao menos outros sete brasileiros que competiram em Winnipeg disputarão medalhas em solo canadense 16 anos depois.

Alguns já haviam subido ao pódio olímpico à época, como o velejador Robert Scheidt e o ginete Álvaro de Miranda Neto, o Doda.

Mas a maioria dos que voltam ao Pan quatro edições depois era estreante em 1999, como a saltadora com vara Fabiana Murer, a pivô Kelly e a própria Juliana Veloso.

"Eu era uma menina esperando fazer o melhor possível. Estava muito nervosa, pois fraturei minha mão dois dias antes do embarque. Deu um pânico", lembra Juliana, então com 18 anos.

"Mas, no final, foi uma superação total. O que me marcou muito foi que meu pai era meu técnico na época e ele também tinha estado naquela mesma piscina no Pan muitos anos antes", completa a saltadora, atualmente com 34 anos e mãe de dois filhos.

O sentimento de competir em Toronto muito mais madura do que há 16 anos é compartilhado pela pivô Kelly e a saltadora Fabiana Murer.

"Eu tinha 18 anos e apenas dois no salto com vara. Agora, sou uma das mais velhas e chego com a expectativa de buscar medalha e não só participar", diz Fabiana, 34.

Então com 19 anos, Kelly ainda era estudante de educação física quando foi convocada para a seleção de basquete. Hoje, é a mais experiente da equipe. "O Pan de Winnipeg foi minha grande afirmação. Estourei e me garanti na seleção", afirma.

Depois da experiência no Canadá, ela emplacou participações em três Olímpíadas –inclusive, foi bronze em Sydney-2000– e dois Pans (prata na Rio-2007 e bronze em Santo Domingo-2003).

"Hoje sou a única velha da equipe e tento me motivar, buscar aquela menina sonhadora e apaixonada pelo basquete. O que sinto hoje é amor ao esporte", explica Kelly, que, depois daquele Pan de 1999, foi jogar na WNBA, a liga dos EUA.

Além da medalha de ouro, a pivô espera em Toronto "uma organização de Olimpíada", como foi em Winnipeg. "Aquele foi o Pan com a melhor estrutura que vi."

PORTA-BANDEIRA

Robert Scheidt tinha 26 anos recém-completados quando foi incumbido de levar a bandeira brasileira na cerimônia de abertura de Winnipeg. "Foi muito emocionante", recorda-se.

Já campeão olímpico, ele era um dos astros da delegação nacional e cumpriu sua "missão" ao faturar a medalha de ouro na classe Laser.

Nestes 16 anos, muita água rolou. Scheidt adicionou mais um ouro olímpico e alguns títulos mundiais ao currículo –além de ter se aventurado em outra classe, a classe Star (em dupla).

Desde o início do ciclo da Rio-2016, ele voltou a competir na Laser. O Pan de Toronto é um de seus desafios na reta final de preparação.

"Tenho menos frio na barriga. Winnipeg foi importante, pois precedeu a Olimpíada de Sydney, na qual conquistei a medalha de prata. Foi uma reafirmação do meu  domínio na Laser", diz.

A exemplo de Scheidt, Doda levou o ouro em Winnipeg, na prova por equipes de saltos do hipismo. "Então, eu era um dos mais jovens. Hoje, com muito mais experiência, meu papel será passar muita confiança e tranquilidade. Minha responsabilidade aumenta", afirma.

Aos 41 anos, ele lidera um grupo que já está classificado para a Rio-2016. "Nosso objetivo sempre será conquistar o ouro, tanto no Pan quanto na Olimpíada", afirma.


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