Folha de S. Paulo


Marin deve recorrer contra extradição aos EUA e terá acesso a provas do FBI

Após ter o pedido de extradição para os Estados Unidos oficializado na última quarta-feira (1º), a defesa do ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin, aguarda receber as provas usadas pelas autoridades americanas na acusação. Até agora, os advogados do cartola não tiveram acesso a esses documentos. Só depois disso, é que eles irão definir a estratégia que irão adotar.

À Folha os advogados dizem, porém, que devem recorrer à extradição. Marin e outros seis dirigentes do futebol foram detidos em Zurique na véspera do congresso da Fifa, no dia 27 de maio, acusados pelas autoridades americanas de envolvimento num esquema de corrupção relacionado a direitos de transmissão e marketing de competições. O escândalo levou à renúncia do presidente da Fifa, Joseph Blatter, no dia 2 de junho.

No pedido de extradição, as autoridades dos Estados Unidos justificaram que o esquema foi montado em território americano e bancos do país foram usados para movimentação de propina.

A partir de agora, com o pedido de extradição oficializado, Marin e os demais cartolas serão comunicados e terão 14 dias, prorrogáveis por mais 14, para se manifestar.

O Departamento de Justiça da Suíça diz que tomará a decisão sobre a extradição dentro de "poucas semanas" após ouvi-los. Os dirigentes poderão recorrer, se for o caso, à Corte Federal Criminal e, depois, à Suprema Corte, o que pode fazer com que o processo leve até seis meses –neste período, todos continuam presos.

Enquanto aguarda a extradição, Marin ficará detido na Suíça. Conforme a Folha mostrou, Marin, 83, escreve um diário e já emagreceu quatro quilos na prisão. Sua defesa para evitar a extradição inclui quatro escritórios de advocacia.

Na Suíça, quem comanda a defesa é Georg Friedli, renomado advogado no país. Especializado em acordos de cooperação internacional, ele é sócio do escritório Friedli & Schnidrig, de Berna, onde o caso é conduzido.

Friedli conta com o apoio de outro advogado no país: Rudolf Wyss. Os honorários dos dois foram acertados por intermediários da família de Marin e custam R$ 1 milhão. Há outros dois escritórios dos EUA acionados para estudar alternativas jurídicas para que o cartola não seja preso no país.

A Justiça suíça já tinha negado o pedido da defesa de Marin para que ele fosse transferido da prisão em Zurique para um hospital. Foi recusado também o recurso para que o cartola tivesse direito a prisão domiciliar.


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