O tesoureiro da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), o boliviano Carlos Chavéz, disse que a entidade vai pagar com os seus próprios recursos o restante da premiação para os participantes da Copa América.
O dirigente calcula que a entidade terá que desembolsar os cerca de US$ 25 milhões (R$ 77 milhões) em premiação aos oito times que permanecem no torneio.
Para isso, Chávez disse que negocia com os patrocinadores da Copa América o pagamento das suas cotas diretamente para a Conmebol. Por contrato, esse dinheiro teria que ser pago na Datisa, empresa dona dos direitos do torneio.
Ele também planeja usar o "fundo de emergência da entidade", de cerca de US$ 10 milhões (R$ 31 milhões), além do lucro contabilizado em 2014 (cerca de US$ 8 milhões - R$ 24,8 milhões) para tentar debitar a conta.
"Todas as seleções vão receber os seus prêmios. Vamos arcar com isso", disse o tesoureiro da Conmebol, que é presidente da Federação Boliviana de Futebol.
Denunciada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos por pagar propina para dirigentes, a Datisa parou de pagar pelos direitos de exploração da Copa América. A empresa com sede no Uruguai depositou na conta da Conmebol apenas US$ 30 milhões (R$ 93 milhões) dos US$ 80 milhões ( R$ 248 milhões) que havia se comprometido, segundo Chávez.
Desde a prisão de sete cartolas na Suíça no final de maio, a Datisa teve suas contas congeladas.
A empresa uruguaia é formada por três gigantes do setor do continente (Traffic, Full Play Group e a Torneos y Competencias).
Os donos da Full Play e da Torneos estão presos. Já o empresário J.Hawilla, dono da Traffic, fez acordo com a Justiça dos EUA e vai devolver US$ 150 milhões (quase R$ 500 milhões) ao confessar extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.
Mais cedo, Wilmar Valdez, um dos vice-presidentes do órgão que controla o futebol sul-americano, disse que a entidade está em uma posição difícil.
"Há uma situação real que complica. Há um envolvimento das empresas que são as principais fornecedoras de dinheiro da Conmebol por meio da venda dos direitos televisivos e patrocínios", explicou o presidente da federação uruguaia à Radio Cooperativa desde La Serena.
Valdez confessou que se reuniu há alguns dias com o presidente da Conmebol, Juan Ángel Napout, para buscar soluções para o problema.
O campeão do torneio receberá US$ 4 milhões, enquanto o vice, US$ 3 milhões. O terceiro colocado ganha US$ 2 milhões. Já o quarto embolsa US$ 1 milhão.
Conforme a Folha publicou no fim de maio, a propina para cartolas é cinco vezes o valor do prêmio da Copa América. Os principais cartolas da Conmebol dividiam subornos de US$ 20 milhões (R$ 63,5 milhões) para vender os direitos de comercialização de cada edição de Copa América, segundo investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Infográfico Seleções na Copa América
Com Reuters