Folha de S. Paulo


Thiago Silva recupera poder na seleção e define até futuro de Neymar

Há cerca de um ano, Thiago Silva deixava a Copa do Mundo de 2014 com fama de "chorão", por causa suas reações em campo durante o torneio.
 
Capitão na campanha fracassada na competição, que terminou com a pior derrota da história da seleção, o 7 a 1 para a Alemanha na semifinal, Thiago Silva perdeu a faixa para Neymar quando Dunga assumiu, em julho de 2014, e a vaga entre os titulares para Miranda, eleito o novo parceiro de David Luiz.
 
O tempo passou, a Copa América chegou, e das perdas que teve Thiago Silva só não recuperou a tarja para ser de fato o capitão dentro de campo. Porque fora dele, voltou a ser o porta-voz do elenco, junto com Miranda, que herdou a braçadeira de Neymar quando o atacante foi suspenso por quatro partidas e ficou fora da Copa América.
 
E dentro das quatro linhas é aquele que Dunga mais orienta para passar instruções ao time durante as partidas – ele começou o torneio na reserva, contra o Peru, mas foi titular nas duas últimas partidas, contra Colômbia e Venezuela.
 
Thiago Silva foi um dos que defenderam dentro do elenco que "Neymar não ficasse com a delegação – o jogador deixou a concentração nesta segunda (22), depois de a CBF desistir de recorrer da suspensão de quatro jogos imposta pela Conmebol por sua expulsão no jogo contra a Colômbia, dia 17.
 
"Acho que temos que focar na competição sempre, mas o mais importante nesse momento é ele descansar. Neymar dificilmente terá férias daqui para frente. Foram férias inesperadas, mas infelizmente aconteceu. Acho que ele merece férias", disse o jogador.

O atacante do Barcelona deixou a delegação muito mais para não ser o foco das atenções se permanecesse treinando com o elenco, mesmo sem poder jogar. Mas Thiago Silva publicamente opinou sobre a saída de Neymar, mesmo com o argumento de férias, era a prova de que voltou a ser relevante para a seleção brasileira.
 
Dunga deu a entender isso na véspera da partida contra a Venezuela, no sábado, dia 20. Citou nominalmente o zagueiro, que não havia sido chamado pelo técnico para os quatro primeiros amistosos desta nova era porque estava machucado, como um dos líderes.
 
"Temos vários líderes, cada um com uma forma diferente. Muitas vezes achamos que o líder deve jogar. Muitas vezes temos líderes que não jogam. Muitas vezes temos líderes que são líderes quando só jogam. Outros, não. Temos o Thiago Silva, o Miranda, o David Luiz, o Neymar. Temos jogadores que participam do grupo jogando e não jogando", disse Dunga.
 
Relatos de atletas mostram que Thiago Silva nunca reclamou da reserva, apesar de estar chateado com a situação. E que internamente sempre continuou a dar suas opiniões e conselhos aos mais jovens, apesar de não ser mais tão requisitado pela imprensa, mais preocupada em ouvir o então titular David Luiz.
 
Contra a Venezuela, Thiago Silva foi o melhor em campo, e autor do primeiro gol na vitória de 2 a 1. Para ele, a fama de chorão, conquistada por chorar muito antes e durante a disputa de pênaltis contra o Chile, nas oitavas de finais da Copa-2014, ficou para trás.
 
"Se você não chora e não sente, dizem que não tem vontade de jogar pela seleção. Se chora e sente, é chorão. Eu quero é sempre fazer o melhor e me dedicar à seleção brasileira", afirmou o zagueiro.

Infográfico Seleções na Copa América


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