Folha de S. Paulo


Neymar deixou o Chile por decisão de Dunga e dos jogadores

A seleção brasileira abriu mão de Neymar.

Ao contrário de Luiz Felipe Scolari, ex-técnico da seleção, Dunga decidiu liberar a estrela do time da Copa América e acabar com a "Neymardependência".

O atacante deixou a concentração da seleção, em Santiago, às 9h10 desta segunda-feira (22), seis horas depois de a CBF anunciar que desistira de recorrer da suspensão de quatro jogos do atleta. Ele voltou ao Brasil em um avião particular.

A decisão da comissão técnica contou com o apoio dos zagueiros Thiago Silva e Miranda, que representam o grupo de jogadores.

Todos acreditavam que a permanência de Neymar poderia desestabilizar o elenco. Mesmo fora do time, o jogador continuaria no foco dos jornalistas e ofuscaria parte da campanha da seleção.

Suspenso pela expulsão na derrota para a Colômbia, Neymar ainda tinha a possibilidade de ver sua pena ser reduzida em uma partida, o que o permitiria jogar a final da Copa América.

O departamento jurídico da CBF, porém, entendia que Guillermo Saltos, que emitiu a pena ao craque, dificilmente diminuiria a sanção.

A comissão técnica avaliou que, mesmo se a pena caísse para três jogos, a escalação de Neymar somente no jogo final poderia desagregar o grupo. O time terá que vencer duas partidas difíceis sem ele para chegar à decisão.

"A comissão técnica levou em consideração que a permanência daria uma instabilidade ao grupo. Com a situação definida, o grupo já começou a trabalhar um novo coletivo, que é importante num momento desses", afirmou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que apoiou a decisão de Dunga.

Neymar não se calou após deixar a concentração. Primeiro, postou em uma rede social texto em que pedia desculpa a seus companheiros. E antes de ir para o aeroporto, concedeu entrevista.

"Sabíamos que a punição não ia diminuir em nada. Fomos alertados. Entendemos que o melhor é ir embora. É complicado um cara treinar para não ter nada. A Copa América para mim acabou", disse Neymar.

O atacante fez um mea-culpa pela suspensão. Após o jogo contra os colombianos, ele se envolveu em confusão com os rivais Murillo e Bacca e esperou o árbitro chileno Enrique Osses, na entrada do vestiário, para xingá-lo.

"Foi uma ocasião que deixei levar [no jogo]. Que sirva de aprendizado", disse.

UM ANO ANTES

Na Copa do Mundo, Felipão fez o contrário do que Dunga. Mesmo com Neymar machucado, o então técnico fez questão de homenagear o jogador antes de o time seguir para o Mineirão, onde enfrentaria a Alemanha. Todos os jogadores colocaram bonés com a frase "Força, Neymar".

No jogo seguinte, ele levou o atacante para o banco de reservas, e Neymar assistiu o Brasil perder para a Holanda.

Infográfico Seleções na Copa América


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