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Titular por acaso, Fred sofre com rejeição da torcida a xará na seleção

Eduardo Knapp/Eduardo Anizelli/Folhapress
O atacante Fred, à esq., e o meia e voltante Fred, titular da seleção brasileira na Copa América
O atacante Fred, à esq., e o meia e voltante Fred, titular da seleção brasileira na Copa América

No primeiro jogo como titular da seleção principal, no dia 7 de junho, em São Paulo, contra o México, Fred, 22, foi vaiado.

E não entendeu o motivo. Por que os paulistas o estariam vaiando, já que pouco jogou na seleção ou até mesmo pelo Inter, seu ex-time, contra equipes da cidade?

"Depois do jogo, meus familiares conversaram comigo e explicaram. Foi porque não me conhecem, e poderiam confundir [achar que era o Fred do Fluminense]. Tudo bem, entendi", disse, rindo, o jogador do Shakhtar Donetsk. Na Copa América por acaso, ele ganhou a confiança de Dunga e se tornou titular da seleção brasileira na competição.

Fred, o centroavante, foi mal no Mundial de 2014, e os torcedores desavisados no estádio do Palmeiras, ao ouvirem o nome no alto-falante, acharam que o Fred meia e volante era o Fred centroavante.

Fred, o meia e volante, teve duas vezes sorte para estar na Copa América. Na primeira, contou com a lesão no joelho de Luiz Gustavo, primeiro volante titular da seleção.

Fred estava treinando com a seleção para os amistosos no país pré-Copa América, junto com Felipe Anderson. Os dois jogadores têm idade olímpica (sub-23), e Dunga, que assumiu o posto de técnico olímpico, queria observá-los mais de perto, apesar de conhecer bem Fred.

Fred trabalhou como volante com Dunga, quando o técnico passou pelo Inter, em 2013 –antes de ser vendido por R$ 45 milhões ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, em junho daquele ano. E, sem Luiz Gustavo, Dunga optou por chamar o ex-comandado, que já figurava como reserva em uma lista de sete nomes que a CBF precisou enviar para a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol).

"Ter essa chance já era excepcional, e realmente eu não esperava poder ser titular. Acho que estou me apresentando para o torcedor brasileiro, que realmente pouco me viu jogar", disse Fred.

A segunda sorte aconteceu com a lesão de Philippe Coutinho, ou quase lesão. Com dores, o jogador do Liverpool ficou fora do treino de sábado (13), e não teve condições de jogar no domingo (14) contra o Peru, na estreia da Copa América –vitória por 2 a 1.

Apesar de Fred ter sido titular nos amistosos contra México, quando foi vaiado em São Paulo, e contra Honduras, em Porto Alegre, nesses jogos ele havia substituído Neymar, que estava na final da Liga dos Campeões, com Dunga testando um esquema diferente. Coutinho sempre foi o preferido para ser o suplente de Oscar, que, machucado, nem foi convocado para a Copa América.

Sem Coutinho, Dunga optou por maior poder de marcação no meio de campo, com Fred. E já avisou, na coletiva após vitória contra os peruanos, que vai manter o time contra a Colômbia, na quarta (17), em Santiago. Ou seja, Fred está mantido entre os titulares.

"O Dunga pede para recompor a defesa, todo o time, e tenho essa facilidade por jogar como volante no Shakhtar", disse Fred.

Natural de Belo Horizonte, Fred iniciou a carreira nas categorias de base do Atlético-MG, mas deixou o clube em 2009 depois de uma disputa entre Roberto Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho, na época seu empresário e dono de 50% de seus direitos econômicos, e Alexandre Kalil, o presidente do time mineiro.

Fred foi vinculado ao pequeno Porto Alegre FC, clube que era administrado por Assis, antes de acertar com o Inter. Em 2013, quando foi vendido ao time da Ucrânia, Assis abriu mão de 15% dos 50% que detinha do atleta para que o negócio pudesse sair (e o Inter receber um pouco mais para liberá-lo).


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