Folha de S. Paulo


Pré-candidato à Fifa, Zico afirma que houve corrupção na Copa no Brasil

Após confirmar nesta quarta-feira (10) que pretende disputar a presidência da Fifa, o maior ídolo da torcida do Flamengo, Zico, 62, disse acreditar que houve corrupção na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.

"Sempre achei que o Brasil merecia nova chance [de receber um Mundial]", disse o ex-craque, que disputou os Mundiais de 1978, 1982 e 1986.

"[Mas] Dizer que vai construir estádio por R$ 500 mil e ele custar R$ 2 bilhões é atestado de burrice", afirmou à Folha, sem dizer a que estádio se fazia referência.

No anúncio de sua pré-candidatura, ele pediu mudanças no processo eleitoral.

Defendeu que ex-jogadores possam votar na escolha do presidente da Fifa. Pelas regras atuais, só dirigentes votam e o candidato precisa do apoio de cinco das federações nacionais –daí ser ainda pré-candidato, não candidato de fato– e ter trabalhado no futebol por dois nos últimos cinco anos.

Na semana passada, Blatter anunciou que entregará o cargo e vai convocar novas eleições após a prisão de sete dirigentes na Suíça acusados de corrupção.

Um deles foi justamente José Maria Marin, ex-presidente da CBF acusado de receber propinas na venda dos direitos de transmissão de torneios no Brasil e no exterior.

CBF PRIMEIRO?

O flamenguista disse que foi aconselhado por muito amigos, inclusive pelo também ex-craque Michel Platini, a tentar primeiro a presidência da CBF, mas preferiu concorrer ao cargo de Blatter.

Por isso, citou outro amigo, Sócrates (1954-2011), colega dele nas seleções de 82 e 86. O ex-craque do Corinthians teve dificuldades para lançar a candidatura dele na CBF, em 2001. "Ele ficou um ano como candidato e não conseguiu o apoio de ninguém", afirmou Zico.

Como treinador, ele trabalhou no Japão, Turquia, Uzbequistão, Índia e Iraque. Esses países poderiam ajudar a sua candidatura. No Mundial de 1998, Zico trabalhou na comissão técnica da seleção.

Secretário de Esporte do governo Collor (1990-92), o ex-jogador criticou a falta de alternância de poder na Fifa.

"Tenho 62 anos e só me lembro de dois presidentes da Fifa: João Havelange e Joseph Blatter. Só há essas duas pessoas no mundo para comandar o futebol? Isso é inadmissível", afirmou Zico.

O ex-craque também criticou o presidente da CBF, Marco Polo del Nero.

"Acho que ele sempre esteve junto com o Marin à frente da CBF nesse período após o Ricardo Teixeira. Acho difícil ele não saber de tudo o que aconteceu", acrescentou.

ZICO DIZ NÃO TEMER PERDER DE NOVO PARA PLATINI

"Mas ele também perdeu pênalti", lembrou Zico em entrevista à Folha nesta quarta (10) após anunciar sua pré-candidatura à presidência da Fifa.

O "ele", no caso, é o também ex-jogador Michel Platini, carrasco do Brasil na Copa de 1986, quando a seleção de Telê Santana foi eliminada nos pênaltis.

A lembrança de Zico foi uma resposta à reportagem quando questionado se não temia perder novamente para Platini.

"Não. Se Platini se candidatar [à Fifa], tem meu voto", afirmou o ex-craque do Flamengo e da seleção nas Copas de 1978, 82 e 86.

Presidente da Uefa (entidade máxima do futebol europeu), Platini deverá, sim, ser candidato à sucessão de Joseph Blatter. Ele liderava a França naquele jogo de 1986.

Zico disse que tomou a decisão de concorrer à Fifa quando jantava com a mulher na Europa. Para beber, um bom vinho de Bordeaux.


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