Folha de S. Paulo


Neymar fez mais gols que Ronaldo antes de vencer Copa América

Neymar se apresentou nesta segunda-feira à noite para disputar sua segunda Copa América. Mas, desta vez, ele chega com o status de protagonista como nunca se viu antes na seleção neste torneio continental.

Em 2011, Neymar, com 19 anos, disputava seu primeiro torneio oficial com a seleção na Copa América da Argentina, mas ainda não era o craque insubstituível. Na época, dividia atenção com outros dois jovens talentos, Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso, e via Robinho, então com 27, como astro da equipe.

O Brasil foi eliminado nas quartas de final para o Paraguai, resultado que começou a minar Mano Menezes na seleção, mas também diminuiu as atenções para Ganso e Pato, dupla que não se firmou com a camisa amarela.

Diferente de Neymar. Ídolo do Santos, negociado em 2013 ao Barcelona, e agora campeão europeu, o jogador é imprescindível à seleção, como foi percebido na Copa-2014. Sem ele, o Brasil levou sete gols da Alemanha, na semifinal, mais três da Holanda na disputa do terceiro lugar, e terminou de forma melancólica o Mundial em casa.

Editoria de Arte/Folhapress

"Neymar é nosso campeão da Champions [Liga dos Campeões], mas temos que tirar a pressão dele. Temos que ter um conjunto para sermos vencedores", disse o técnico Dunga.

O técnico busca alternativas para colocar o time em campo sem Neymar. No amistoso de domingo (7), vitória de 2 a 0 sobre o México, Neymar ainda estava na Europa festejando o título com o Barcelona e Dunga mudou o esquema sem ele – apenas um atacante, Diego Tardelli, com três meias (Philippe Coutinho, Willian e Fred) logo atrás. Um bom teste, mas que mostrou alguns problemas e comprova que talvez a seleção nunca dependeu tanto de um jogador na sua história.

Neymar chega à Copa América com a mesma idade que outros atacantes brilharam no torneio. Mas tem números superiores, em jogos realizados, gols e média de gols, do que Romário (1989), Ronaldo (1999), Adriano (2004) e Robinho (2007), destaques do time em conquistas recentes.

Mas tem mais: o camisa 10 chega sem ter um parceiro para dividir a responsabilidade, como os outros jogadores tiveram.

Romário se apoiava em Bebeto quando o Brasil voltou a vencer a Copa América depois 40 anos, em 1989. Dez anos depois, Ronaldo ganhava o bi na Copa América, dividindo o fardo com Rivaldo.
Adriano, em 2004, fazia parte de um time misto que Carlos Alberto Parreira levou ao Peru, mas o craque do time era Alex, meia então no Cruzeiro.

Robinho, em 2007, talvez esteja mais próximo de Neymar quanto à solidão no protagonismo, mas a importância do hoje camisa 10 para o time é maior do que a de Robinho oito anos atrás.

"É o nosso principal jogador, e o time muda com ele em campo", admitiu o zagueiro David Luiz.

Neymar, também, será o capitão pela primeira vez em um torneio oficial. Ainda mais responsabilidade.


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