Folha de S. Paulo


FBI investiga escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022

A investigação do FBI sobre a Fifa inclui uma análise de como a organização responsável pelo futebol mundial decidiu conceder a Copa do Mundo de 2018 à Rússia e o Mundial seguinte, em 2022, ao Qatar, disse uma autoridade americana nesta quarta-feira (3).

A autoridade, que falou sob condição de anonimato, disse à Reuters que investigar a escolha das sedes dos próximos torneios fará parte de um inquérito que vai além dos indiciamentos, anunciados na semana passada, de dirigentes do futebol e empresários de marketing esportivo.

Don Emmert/AFP
Procuradora-geral Loretta Lynch durante coletiva de imprensa sobre o esquema de corrupção na Fifa
Procuradora-geral Loretta Lynch durante coletiva de imprensa sobre o esquema de corrupção na Fifa

Autoridades suíças já estão investigando a escolha das sedes dos Mundiais de 2018 e 2022.

Rússia e Qatar negaram transgressões na conduta de suas candidaturas. No caso do Qatar, houve certa surpresa de que o torneio seria sediado num pequeno país desértico sem qualquer tradição futebolística e onde as temperaturas durante o dia no verão podem superar 40 graus.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Khaled al-Attiyah, disse que, de nenhuma maneira, o país seria privado de seu direito de sediar a Copa de 2022, pois apresentaram "a melhor candidatura".

"É muito difícil para algumas pessoas aceitar que o campeonato será realizado num país árabe e islâmico, como se um Estado árabe não pudesse ter esse direito", disse ele à Reuters numa entrevista em Paris. "Acredito que essa campanha ultrajante contra o Qatar seja por preconceito e racismo."

Do outro lado, a Rússia rejeitou preocupações de que pode perder o direito de sediar o Mundial de 2018. "Nossa cooperação com a Fifa continua, assim como as preparações para o torneio", disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin.

RENÚNCIA

Entre os pontos investigados pelo FBI está a administração da Fifa pelo suíço Joseph Blatter, que inesperadamente anunciou sua renúncia na terça-feira (2), dias após sua quarta reeleição, pouco antes de surgirem informações de que era investigado pela Justiça dos EUA.

As autoridades americanas disseram, na semana passada, que as investigações continuariam.

A procuradora-geral Loretta Lynch disse, quando anunciou os indiciamentos, que o Departamento de Justiça dos EUA anseia para seguir trabalhando com outros países. Já a promotora do caso, Kelly Curie, afirmou que o indiciamento não era o capítulo final da investigação.

Segundo uma fonte próxima à Fifa, foram os conselheiros de Blatter que recomendaram sua renúncia. Os críticos apontam, como principais razões disso, o inquérito criminal crescente, a inquietação de patrocinadores e a pressão da UEFA, que administra o futebol europeu.

Antes, a Interpol havia colocado dois ex-dirigentes da Fifa em sua lista de procurados a pedido de autoridades americanas.

A Polícia Internacional emitiu alertas para Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, que governa o futebol nas Américas do Norte e Central, além de no Caribe, e para Nicolas Leoz, ex-presidente da federação de futebol da América do Sul.

Outros investigados submetidos aos "alertas vermelhos" –que não são mandatos de prisão– são Alejandro Burzaco, Hugo e Mariano Jinkins e José Margulies, brasileiro que presidiu duas empresas envolvidas na transmissão de partidas de futebol.

Todos eles estão entre os dirigentes da Fifa e executivos de mídia e de marketing citados no indiciamento dos EUA.


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