Folha de S. Paulo


'Envergonhado', Blatter diz não poder monitorar corrupção de dirigentes

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que a prisão dos sete dirigentes envolvidos em casos de corrupção, na quarta-feira (27), em Zurique, na Suíça, trouxe "humilhação" e "vergonha" ao futebol, mas se eximiu de culpa.

Na abertura do 65º Congresso da Fifa, nesta quinta (28), Blatter disse não ter poder de fiscalizar todos os membros da entidade.

"É um momento muito difícil para a Fifa. O que aconteceu ontem causou uma sombra sobre o futebol e sobre esse congresso. Ações de certos indivíduos trouxeram humilhação e vergonha ao futebol. É preciso ações imediatas. Não podemos deixar que a reputação da Fifa seja levada a lama. Isso precisa acabar agora", disse Blatter.

"Eu sei que muitas pessoas me consideram como responsável pelos problemas e pela reputação da comunidade global do futebol. Mas não podemos monitorar todos o tempo inteiro", afirmou.

Editoria de Arte/Folhapress

Blatter chegou dez minutos antes de começar o evento. Foi recebido por uma discreta salva de palmas por alguns dirigentes. Sentou-se na cadeira do meio da primeira fileira antes do discurso.

"Não podemos permitir que ações de alguns destruam o trabalho tão forte que a maioria fez pelo futebol. Os culpados são minoria. Faremos de tudo para cooperar com as autoridades para descobrir todos os culpados e envolvidos", disse antes de ressaltar que "os próximos meses não serão fáceis para a Fifa".

Os cartolas chegaram ao evento protegidos por seguranças que impediam o contato com a imprensa.

Do lado de fora do prédio, cerca de 100 manifestantes palestinos protestavam contra a entidade por causa das relações com Israel.

Os jornalistas foram alocados no andar de cima do auditório, sem visão da reação dos cartolas ao discurso de Blatter.

Um desfile de bandeiras de federações e confederações continentais abriu a cerimônia. Uma delas era da Concacaf, entidade que reúne os países da América do Norte, Central e Caribe, cujo presidente Jeffrey Webb foi um dos sete cartolas presos na quarta-feira sob acusação de corrupção.

A eleição presidencial da Fifa está marcada para esta sexta-feira (29), em Zurique. Blatter tem apenas um concorrente ao cargo: o príncipe jordaniano Ali Bin al-Hussein.

O mandatário da Uefa, o ex-jogador Michel Platini, disse que chegou a pedir para Blatter deixar a Fifa após escândalo.


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