Folha de S. Paulo


J. Hawilla vive em liberdade nos EUA após acordo para pagamento de multa

Alexandre Rezende - 22.nov.2011/Folhapress
José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina
José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina

O empresário J. Hawilla, 71, está em liberdade e continua vivendo nos EUA, informou à Folha nesta quarta (27) o seu advogado, José Luiz de Oliveira Lima.

Hawilla, dono do Grupo Traffic, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo e que negocia direitos de transmissões de TV e publicidade de grandes eventos, como a Copa América e a Libertadores, fez acordo com a Justiça dos EUA e vai devolver US$ 151 milhões (pouco mais de R$ 475 milhões) ao confessar extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.

Segundo Oliveira Lima, "o empresário apoia as investigações e prestou os esclarecimentos necessários à autoridades americanas. A Tusa (braço da Traffic nos EUA) fez um acordo e pagará multa às autoridades competentes".

A empresa de J. Hawilla é a atual responsável pelos direitos de torneios como a Libertadores, já teve a procuração de alguns atletas no passado, dona de times como o Estoril Praia, de Portugal, e pelas vendas de camarotes do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, em São Paulo.

A Traffic teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014. O empresário brasileiro também foi o responsável pelo contrato celebrado em 1996 entre a Nike e a seleção brasileira –alvo de uma CPI, encerrada em junho de 2001, sem desdobramentos práticos.

Em 2008, J. Hawilla foi eleito o 56º homem mais influente do futebol mundial pela revista britânica World Soccer.

Editoria de Arte/Folhapress

Nesta quarta, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, 83, e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Os cartolas são investigados pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção.

As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.

Além do ex-presidente da CBF José Maria Marin e de J. Hawilla, outro brasileiro é citado pela Justiça americana no escândalo de corrupção entre a Fifa e empresas de marketing e transmissão esportiva. José Margulies, 75, que é proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas.

Segundo o departamento de Justiça, Margulies supostamente atuou como intermediário para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.

NEGÓCIOS LUCRATIVOS

O Departamento de Justiça americano indiciou 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol.

O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção com propinas de pelo menos US$ 150 milhões, que existe há pelo menos 24 anos.

"O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no exterior como aqui nos Estados Unidos", disse Loretta Lynch, secretária de Justiça dos Estados Unidos. "Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina".

A nota divulgada pela Justiça americana afirma ainda que investiga suposto pagamento e recebimento de suborno e propina em um acordo de patrocínio "da CBF com uma grande fabricante de roupas esportivas dos EUA", na seleção do país anfitrião da Copa do Mundo de 2010 e nas eleições presidenciais da FIFA em 2011.

"Que fique claro: este não é o último capítulo na nossa investigação", disse o procurador americano Kelly T. Currie, durante o anúncio dos envolvidos no esquema de corrupção.


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