Folha de S. Paulo


Erramos: Justiça dos EUA vai investigar escolha do Brasil como sede da Copa de 2014

Diferentemente do que foi publicado no site da Folha, as autoridades americanas não irão investigar o processo de seleção para a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos vai pedir a colaboração das autoridades brasileiras nas investigações do suposto esquema de corrupção no futebol envolvendo a Fifa e executivos do setor.

Em entrevista concedida na Corte do Brooklyn, em Nova York, o procurador Kelly Currie afirmou ainda que a Justiça americana também vai compartilhar informações com os brasileiros para que possam, caso desejem, iniciar suas próprias investigações.

Abaixo, o texto com a informação incorreta, publicado às 12h23 desta quarta-feira (27). A informação correta foi corrigida às 14h54. Leia a reportagem correta.

*

As autoridades americanas irão investigar o processo de seleção para a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014.

O ex-presidente da CBF José Maria Marin, 83, e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Os cartolas são investigados pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel (veja abaixo o perfil dos dirigentes). Eles participariam do congresso da Fifa e da eleição da entidade, que ocorre nesta sexta (29).

Os detidos devem ser extraditados para os Estados Unidos, onde a Procuradoria de Nova York faz a investigação. Os procuradores, durante coletiva à imprensa em Nova York, confirmou que a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 será apurada, mas não deu mais detalhes porque as investigações ainda estão em andamento. "Não podemos falar mais sobre isso", afirmaram.

Candidato único, o país foi anunciado como sede do Mundial em outubro de 2007.

As autoridades suíças recolheram nesta quarta documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.

"A Fifa vai cooperar plenamente com a investigação e apoiar a busca por provas. Como observado pelas autoridades suíças, a coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo energicamente perseguida para o bem do futebol e acredito que vai ajudar a reforçar as medidas que a Fifa já toma", informou a entidade em nota divulgada para a imprensa.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil -esta última, organizada pela CBF.

Os alvos da operação são principalmente dirigentes da Concacaf, como Webb, presidente da entidade que engloba os países das Américas do Norte e Central e do Caribe. Foram feitas busca e apreensão em um escritório da Concacaf em Miami.

As autoridades também investigam o pagamento de propina envolvendo o patrocínio da CBF por uma grande empresa dos EUA, a escolha da África do Sul como anfitrião da Copa de 2010 e as eleições presidenciais da Fifa em 2011.

O ex-presidente da CBF José Maria Marin, que atualmente é vice-presidente da entidade, foi escoltado por autoridades suíças na saída do hotel. Não há a confirmação para onde os detidos foram encaminhados.

ESQUEMA DE MAIS DE US$ 100 MILHÕES

As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.

Em nota, autoridades suíças divulgaram que contas dos acusados foram bloqueadas no país. Elas eram usadas para recebimento de subornos.

Além dos detidos nesta quarta, outros sete dirigentes e empresários foram acusados de corrupção no caso por lavagem de dinheiro, fraude. "Num esquema que atuava há 24 anos para enriquecer dirigentes através da corrupção no futebol internacional", informa nota da Justiça americana.

Segundo autoridades dos Estados Unidos, quatro acusados detidos confessaram culpa no caso nesta quarta.

Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis, Mariano Jinkis, além de José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais.

Réu confesso, José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil, também é citado pela Justiça americana.

Segundo a nota do governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões na cotação atual) de seu patrimônio –US$ 25 milhões (R$ 78 milhões) deste total já teriam sido pagos no momento da confissão.

Editoria de arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: