Folha de S. Paulo


Técnicos estrangeiros conquistaram seis Paulistas para o São Paulo

Luis Eduardo Noriega - 15.mai.2015
Juan Carlos Osorio orienta o Atlético Nacional em jogo contra o Emelec pela Libertadores
Juan Carlos Osorio orienta o Atlético Nacional em jogo contra o Emelec pela Libertadores

Confirmado nesta terça-feira (26) como novo técnico do São Paulo, Juan Carlos Osorio será o primeiro colombiano a assumir o comando do clube. O São Paulo já foi dirigido por húngaros, uruguaios, argentinos, um português e um chileno. E as experiências foram variadas.

Houve técnicos responsáveis por grandes conquistas, como o português Joreca (1943-1947), que conseguiu três títulos do Campeonato Paulista (veja lista abaixo); o argentino Jim López, que levou o time a mais um Paulista (1953); o húngaro Béla Guttmann, que acrescentou também um Paulista (1945); e o argentino José Poy, responsável pelo Paulista de 1975.

Outros tiveram passagens curtas e sem títulos. Foi o caso dos três últimos treinadores estrangeiros do clube: Pablo Forlán, Darío Pereyra e Roberto Rojas.

Ídolos do clube quando jogadores, os três tiveram passagens frustrantes como técnicos do São Paulo e saíram sem títulos. Eles não chegaram a ficar nem uma temporada completa à frente do time.

Curiosamente, os técnicos estrangeiros do São Paulo não variaram em suas conquistas, e levaram o clube a seis títulos paulistas, mas nenhum nacional ou internacional.

DESAFIOS DE OSORIO

Já faz 55 anos que um treinador estrangeiro conquistou um título nacional à frente de um time brasileiro. E o argentino Carlos Volante nem foi o comandante do Bahia em toda a Taça Brasil de 1959, mas apenas no jogo extra da decisão contra o Santos, disputado já no ano seguinte.

Desde então, a trajetória de técnicos gringos no país é marcada por sucessivos fracassos alternados com um ou outro caso de relativo sucesso.

Só nos últimos dez anos, naufragaram, entre outros, o argentino Ricardo Gareca (Palmeiras, 2014), o uruguaio Jorge Fossati (Inter, 2010) e dois ex-campeões do mundo como capitães: o alemão Lothar Matthäus (Atlético-PR, 2006) e o argentino Daniel Passarella (Corinthians, 2005).

É contra essa bagagem negativa –que fixou a máxima de que técnico estrangeiro não funciona aqui– que o São Paulo decidiu lutar ao contratar Osorio.

Osorio chega com o Brasileiro em andamento. Por mais que seja estudioso, com pós-graduação em futebol por faculdade inglesa e experiência nos EUA e Manchester City, não conhece o elenco e seus adversários tão a fundo quanto um técnico local.

E não terá muito tempo para se adaptar ao Brasil.

Foi esse o cenário da derrocada de Gareca no Palmeiras em 2014. Apesar de elogiado por torcedores e dirigentes, durou só três meses por não fazer o time vencer.

REVOLUCIONÁRIO

A seu favor, Osorio tem a fama de revolucionário na Colômbia.

Apesar de ser sul-americano, o treinador, formado nos EUA e ex-auxiliar técnico no Manchester City, implementou uma filosofia europeia nas equipes que comandou.

Nascido na Colômbia, em Santa Rosa de Cabal, a 300 km de Bogotá, teve a carreira com jogador abreviada devido a lesões. Após cinco anos como profissional, se aposentou nos anos 1980 e foi estudar educação física nos EUA.

Após atuar como preparador físico e auxiliar técnico em times americanos, conseguiu emprego como assistente de Kevin Keegan, treinador do Manchester City, em 2001.

Da Inglaterra trouxe o estilo de futebol dinâmico de suas equipes, sempre tentando chegar ao ataque em velocidade, com poucos passes.

Editoria de Arte/Folhapress

Descrito como um treinador que estuda a fundo seus adversários, Osorio é conhecido por mudar a escalação da equipe em todos os jogos -às vezes até no dia da partida, no caminho da concentração para o estádio.

Situação que incomodava a imprensa, os torcedores e até seus próprios jogadores.

"Nenhum jornalista consegue adivinhar a escalação das equipes de Osorio. Ele gosta que seus jogadores não tenham lugar cativo no time", diz Mariano Olsen, diretor dos canais NTN24 e Nuestra Tele Desportes, de Bogotá.

Após um quarto lugar no Colombiano, em 2007, recebeu proposta para voltar aos EUA, onde dirigiu o Chicago Fire e o New York Red Bulls.

Depois de péssima campanha na liga dos EUA, em 2009, voltou ao seu país para dirigir o Once Caldas. Ganhou seu primeiro título, no Torneio Finalización de 2010.

Mas o reconhecimento nacional só veio após assumir o Atlético Nacional, time mais rico da Colômbia, em 2012. Neste ano, ganhou a Copa da Colômbia e nos anos seguintes, três nacionais seguidos.

"No Atlético Nacional, Osorio teve tempo para aplicar sua filosofia. Foi tricampeão e estabeleceu algo revolucionário no futebol do país", diz Jaime Orlando Dinas, apresentador do programa de rádio "Dinas Sports".

Na última quinta-feira (21), o presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, enalteceu o colombiano e declarou que "nem o Guardiola tem o currículo do Osorio".

TÉCNICOS ESTRANGEIROS DO SÃO PAULO

Ignác Amsel (Hungria)
1939
Título: nenhum

Ramón Platero (Uruguai)
1940
Título: nenhum

Conrado Ross (Uruguai)
1942 - 1943
Título: saiu antes da conquista do Paulista (1943)

Joreca (Portugal)
1943 - 1947
Títulos: Paulista (1943, 1945 e 1946)

Jim López (Argentina)
1953- 1954, 1965
Título: Paulista (1953)

Béla Guttmannn (Hungria)
1957 - 1958
Título: Paulista (1957)

Armando Renganeschi (Argentina)
1958 - 1959
Título: nenhum

José Poy (Argentina)
1964 - 1965, 1971, 1972, 1973 - 1976, 1982 - 1983
Título: Paulista (1975)

Pablo Forlán (Uruguai)
1990
Título: nenhum

Darío Pereyra (Uruguai)
1997 - 1998
Título: nenhum

Roberto Rojas (Chile)
2003
Título: nenhum


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