Folha de S. Paulo


Blatter propõe 'amistoso da paz' entre Israel e Palestina

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, sugeriu nesta terça (dia 19) a realização de um "amistoso da paz" entre Israel e Palestina para desatar um nó que mistura futebol e política.

Blatter chegou a Israel para tentar evitar uma votação pela suspensão da seleção de Israel, a pedido dos palestinos, dos quadros da Fifa durante o próximo congresso da federação, no dia 29 deste mês, em Zurique, na Suíça.

O dirigente afirmou que a realização do amistoso -que seria um gesto de boa vontade de ambos os lados- foi vista com bons olhos pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, com quem o presidente da Fifa se encontrou em Jerusalém.

Nesta quarta (20), Blatter se reunirá com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Ramallah, na Cisjordânia.

Depois de três anos ameaçando pedir a suspensão de Israel por supostas irregularidades contra jogadores palestinos, o presidente da Associação Palestina de Futebol (APF), Jibril Rajoub, incluiu a votação na pauta do congresso da Fifa deste ano.

Rajoub, um ex-general acusado por Israel de envolvimento em terrorismo, precisa de três quartos dos votos das 209 associações nacionais filiadas à Fifa para conseguir a suspensão.

Ammar Awad/Reuters
Crianças palestinas pedem a suspensão de Israel da Fifa, em visita de Blatter a Jerusalém
Crianças palestinas pedem a suspensão de Israel da Fifa, em visita de Blatter a Jerusalém

Nem o próprio Blatter tem autonomia para cancelar a votação, apesar de ter deixado claro que é contra a medida, que abriria um precedente no envolvimento da federação em questões de política internacional.

"Estou aqui numa missão de paz. Por causa da situação política, precisamos do apoio dos dois governos. O futebol de Israel deve ajudar o da Palestina. Por outro lado, ninguém pode abusar de seus direitos para expulsar um país da Fifa", afirmou Blatter.

Netanyahu também demonstrou ser contrário à votação, parte dos esforços dos palestinos em condenar Israel em fóruns internacionais. "O esporte é um veículo de boa vontade entre nações. O que pode destruir a Fifa é politizá-lo", disse o premiê israelense.

Os palestinos acusam Israel de invasões ao escritório da APF e de restringir a movimentação dos atletas da Palestina ao recusar, por diversas vezes, a concessão de vistos aos jogadores da Faixa de Gaza para que viajem à Cisjordânia para treinar.

Também são contra a participação na Liga Israelense de times de colônias na Cisjordânia, além de considerarar que há "racismo" contra jogadores árabes no país.

Israel admite que há problemas, mas acusa os palestinos de "cinismo" nas questões políticas e de segurança.

"Conflitos entre países existem o tempo todo. Há um agora entre Rússia e Ucrânia. Imaginem se pedissem a suspensão um do outro? Onde vamos parar? A Fifa não pode se tornar um palco de disputas políticas", disse o presidente da Associação Israelense de Futebol, Ofer Eini.

Em entrevista à TV Sky News, Jibril Rajoub disse que insistirá pela votação: "Não queremos causar sofrimento a ninguém, nem mesmo aos jogadores israelenses, mas enquanto sua associação defender, em vez de lutar contra, o racismo e a restrição de movimento de palestinos, eles são parte da ocupação (de territórios palestinos)".


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