Folha de S. Paulo


'Voar' no surfe pode ser bonito, mas nem sempre dá vitória; entenda regras

Manobras do surfe; Crédito Ilustrações Lydia Megumi; Infográfico Alex Kidd e Pilker/Editoria de Arte/Folhapress

Um surfista "voa" sobre uma onda aqui. Outro ali. E outro acolá.

O aéreo, manobra oriunda do skate, se tornou uma febre no surfe e integra o repertório dos destaques da nova geração, como os brasileiros Gabriel Medina, 21, campeão em 2014, e Filipe Toledo, 20.

Porém realizar manobras de impacto, que chamam a atenção de quem acompanha o esporte, nem sempre é o melhor caminho para conseguir boas notas.

A WSL (Liga Mundial de Surfe) leva em conta diversos fatores, como a combinação de grandes manobras, o repertório, o grau de dificuldade, a fluidez e a velocidade. É a soma de todos esses itens que vai definir a nota final.

"Há muitos surfistas que não conseguem aplicar um aéreo com um alto grau de dificuldade, mas têm um bom repertório e fazem outras manobras radicais numa parte crítica da onda", diz Sérgio Gadelha, diretor técnico da WSL na América do Sul.

"Essa parte crítica aumenta o grau de dificuldade da manobra. O juiz está muito atento a esses detalhes. Por isso que o aéreo às vezes não ganha mais pontos que um movimento clássico", afirma.

As condições do mar e os diferentes tipos de onda também influenciam a avaliação dos juízes.

Em Pipeline, no Havaí, por exemplo, o que conta são os tubos. No Rio, é bem possível que o aéreo, aí sim, seja uma das principais armas dos surfistas, pois o mar oferece boas condições para isso.

A etapa brasileira será realizada na praia da Barra, a partir desta segunda (11).

Apesar de não ser um devoto das manobras do surfe mais moderno, que tem a prática do aéreo entre os seus mandamentos, Adriano de Souza, o Mineirinho, 28, também pode se render a este estilo na Barra.

"Não é o meu forte, não faz parte do meu perfil, mas já fiz três finais surfando dessa maneira no Rio", disse Mineirinho, que lidera a competição.

MATEMÁTICA DA ONDA

Segundo Gadelha, os juízes da WSL, oriundos de diferentes partes do mundo, são surfistas. Ou foram.

A organização escolhe sete juízes por etapa. Cinco julgam, e dois ficam na reserva.

Para cada onda, a maior e a menor nota são descartadas. Tira-se, então, a média das outras três.

Cada juiz pode dar de zero a dez. Ganha a bateria o surfista que tiver a maior soma das duas melhores notas.


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