Folha de S. Paulo


Surpreso, Dunga diz que dirigir seleção olímpica é um grande desafio

O técnico da seleção brasileira, Dunga, afirmou que foi surpreendido com o convite de dirigir a seleção olímpica. O treinador foi confirmado no cargo na última sexta-feira (7) após a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciar a saída de Gallo, que dirigia o time olímpico e a seleção sub-20.

"Para mim foi uma surpresa, mas ao mesmo tempo é um grande desafio. A Olimpíada é na nossa casa e vamos trabalhar para conquistar essa medalha de ouro. Acho que vai sair no momento oportuno. Eu acho que é um grande desafio para o Brasil e para mim nesse momento", disse Dunga em entrevista ao SporTV.

"Na terça-feira, conversamos com o presidente [Marco Polo Del Nero] e com o Gilmar [Rinaldi, coordenador de seleções]. Eles colocaram as situações para mim e expuseram o que teria que ser feito. Colocaram as medidas que estavam sendo tomadas", contou.

Neste sábado, Rinaldi disse a Folha que o momento para a troca não era o ideal, mas que era necessário para uma integração entre as seleções de base.

Pedro Martins/Agif/Folhapress
O técnico Dunga convoca a seleção brasileira para disputar a Copa América no Chile, que começa no dia 14 de junho
O técnico Dunga convoca a seleção brasileira para disputar a Copa América no Chile, que começa no dia 14 de junho

Já a seleção sub-20 será comandada por Rogério Micalle, que comandou o time júnior do Atlético-MG. No último dia 29, Gallo, inclusive, havia convocado 26 jogadores o primeiro período de treinos visando o Mundial sub-20, que será realizado a partir de 30 de maio, na Nova Zelândia.

Micalle, que já trabalhou no Figueirense, esteve ao lado de Erasmo Damiani, o homem convocado por Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções da CBF, para reformular a base da entidade.

Damiani assumiu em 27 de fevereiro, justamente no lugar de Gallo, que acumulava o cargo de coordenador da base e técnico do sub-20 e time olímpico. Desde então, como se esperava, demitiu os técnicos do sub-15 e sub-17 e colocou pessoas próximas a ele no comando. Demitiu também toda a comissão técnica de Gallo, e pôs como auxiliar do agora ex-treinador André Luis Ferreira, amigo de Gilmar Rinaldi.

A campanha ruim do time sub-20 no Sul-Americano categoria, em janeiro, se classificando para o Mundial com a última vaga, foi um dos motivos da queda de Gallo agora, mas não o único. A Folha apurou que Gilmar Rinaldi e Dunga consideravam o trabalho dele uma "caixa-preta", sem o retorno necessário.

Rinaldi convenceu o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, que era preciso um nome experiente para comandar o Brasil na Olimpíada, principalmente por ser em casa. Há temor de que o efeito "7 a 1", a goleada sofrida na semifinal da Copa, possa atrapalhar o desempenho de um time que será formado principalmente por atletas novatos.

A análise é que Gallo não seguraria o "tranco", e que qualquer outro treinador mais experiente não aceitaria o trabalho agora. Por isso a opção foi Dunga.

A mudança vai afetar um dos principais projetos da CBF, que era a agenda paralela entre a seleção principal e a olímpica. Toda vez que, em uma data-Fifa, Dunga convocava atletas para amistosos, Gallo fazia o mesmo na Olímpica.

Como Dunga não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, a direção da CBF estuda como manter o projeto de já testar jogadores com idade sub-23 para tentar ganhar a inédita medalha de ouro olímpica no Rio em 2016.


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