Folha de S. Paulo


Aos 15 anos, Flávia Saraiva é melhor brasileira na Copa de ginástica

Do alto de seu 1,33 m de altura, a ginasta Flávia Saraiva, 15, esbanja confiança: "Estou preparada para disputar a Olimpíada".

Nem parece a mesma menina que soltou um sonoro "eu querooo!" quando viu um dos patrocinadores da etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica artística dar bichinhos de pelúcia para os experientes Arthur Zanetti, 25, e Diego Hypólito, 28, na última quinta (30).

De lá para cá ela já ganhou três bichinhos de pelúcia iguais àquele. Um na própria quinta e mais dois neste domingo (3), como brinde pelas medalhas de ouro, no solo, e de prata, na trave.

Com os resultados, a carioca, que fez sua estreia em competições internacionais pela seleção adulta, teve o melhor desempenho entre os ginastas brasileiros na etapa da Copa do Mundo realizada neste fim de semana, no ginásio do Ibirapuera.

E poderia ter sido ainda melhor se ela não tivesse sofrido uma queda na final das barras paralelas, no sábado (2), o que a deixou apenas na oitava posição no aparelho.

"Houve erros, mas a gente vai treinar mais para conseguir acertar", disse a ginasta, sempre respondendo de forma sucinta e direta, com a mesma determinação que usa para fazer seus saltos na trave, se equilibrando nos 10 cm de largura do equipamento.

Sua prova no aparelho, neste domingo, lhe rendeu nota 15,100, igual à que deu o título de campeã mundial a Simone Biles, dos EUA, na final do Mundial de Nanning (China), em outubro de 2014.

MENINA DE OURO

Apesar do grande resultado na trave, foi no solo que "Flavinha" –como ela é chamada pelos companheiros de seleção– mais brilhou. Sua apresentação empolgou o público, que batia palmas no ritmo de sua música enquanto ela corria e dava piruetas na área de competição, como uma criança, encantando os juízes. O resultado foi a medalha de ouro, com 13,625.

"A Flávia tem um carisma sem explicação. Ela não precisa fazer muito para chamar a atenção de todos", afirma Diego Hypólito, segundo brasileiro com mais conquistas nesta etapa da Copa do Mundo, com uma prata, no solo, e um bronze, no salto.

Mesmo com todo o seu talento, Flávia sabe que só conseguirá chegar a uma medalha de ouro nos Jogos de 2016, no Rio, com dedicação nos treinamentos. O que, segundo o técnico Alexandre Carvalho, ela tem de sobra.

"Ela treina muito. Sempre é a primeira a chegar no ginásio e a última a sair. Ela leva a sério o que faz e tem que continuar assim, treinando bastante", diz Carvalho, que treina Flávia há quatro anos.

O próximo grande desafio da atleta será no Pan-Americano de Toronto, em julho.


Endereço da página:

Links no texto: