Folha de S. Paulo


Museu Maria Lenk contará história da 1ª brasileira em Olimpíada

Satiro Sodré/Divulgação
Maria Lenk posa para foto em frente ao parque aquático que leva seu nome
Maria Lenk posa para foto em frente ao parque aquático que leva seu nome em 2007

A memória da primeira heroína olímpica do país será resgatada em forma de museu.

Maria Lenk, primeira mulher sul-americana a ir a uma edição dos Jogos, em Los Angeles-1932, terá trajetória contada e relíquias expostas em acervo online que será disponibilizado até o final do ano.

À coleção será dado o nome de Museu Maria Lenk. A digitalização de todo o material começou agora, em abril, e prosseguirá até julho, com ajuda financeira da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). 

É possível que os Correios também apoiem a iniciativa.

A ex-nadadora, morta no ano de 2007, quando tinha 92 anos, colecionou recortes de jornal de suas façanhas, fotografias, documentos e outros itens ao longo da vida. À parte ter sido pioneira olímpica, ela também foi recordista mundial e hoje tem seu nome imortalizado no Hall da Fama da natação, que fica nos Estados Unidos.

Já com idade avançada, confiou a Lamartine da Costa, professor especialista em estudos olímpicos e seu colega na Universidade Gama Filho, no Rio, o acervo.

"A maior parte é de documentos, tudo montado em álbum. Também recortes de jornais entre 1932 e 1945, no auge da Maria Lenk, que resgatam muita coisa que se perdeu dela", disse o professor.

Só após receber o material é que Lamartine notou a riqueza do que tinha em mãos. 

Eram mais de 10 mil peças e, para não correr risco de perdê-las, as armazenou na biblioteca da universidade.

O problema é que a Gama Filho acabou descredenciada pelo MEC (Ministério da Educação) em 2014 e o "memorial" de Maria Lenk teve de ser desalojado também.

Lamartine, então, apoiou-se em uma inovação lançada no ano passado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) para não deixá-lo apodrecer. 

A Agenda 2020, pacote de 40 medidas aprovadas pela entidade para modernizar o movimento olímpico, prega que é preciso misturar com profundidade cultura e esporte, como, por exemplo, em museus itinerantes.

"Aí eu propus ao Ricardo [de Moura, coordenador técnico da CBDA] que esse seria o primeiro projeto montado em função da Agenda 2020, e ele gostou", disse Lamartine, uma das maiores autoridades em Olimpíada no país.

A ideia calhou ainda mais porque Maria Lenk completaria 100 anos em 2015.

"A CBDA topou dar visibilidade porque é um marco importante. A plataforma está praticamente pronta e estamos nos concentrando em focá-la para tablets e smartphones", complementou.

Há um sonho de que o acervo seja exposto fisicamente, mas não tão brevemente.

Lamartine contou que, além dele, outras pessoas serão responsáveis pela manutenção do acervo: o presidente da CBDA, Coaracy Nunes, e Francisco da Silva Júnior, sobrinho de Maria Lenk e coronel aposentado da Aeronáutica.


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