Folha de S. Paulo


Doping leva Quênia a suspender agentes de grandes atletas do país

Andrew A. Nelles/Associated Press
A queniana Rita Jeptoo, que foi pega em um exame antidoping
A queniana Rita Jeptoo, que foi pega em um exame antidoping

A Federação de Atletismo do Quênia suspendeu por seis meses os agentes do recordista mundial da maratona, de seu antecessor e de outros importantes corredores enquanto realiza investigações sobre o envolvimento das empresas em casos de doping no país.

Durante o período, a holandesa Volare, que representa o recordista mundial Dennis Kimetto e seu antecessor, Wilson Kipsang, e a italiana Rosa & Associati, que tem entre clientes a recentemente banida Rita Jeptoo, estão proibidas de atuar no país.

Nos últimos três anos, quase 40 atletas quenianos foram pegos em testes antidopagem, muitos deles agenciados pelas empresas que agora são suspensas.

Até agora, nenhum dos agentes comentou a decisão da federação queniana. Segundo a BBC, advogados de Rosa escreveram para a Athletics Kenya buscando mais informações sobre o caso.

A entidade não fez acusações específicas, e Kimetto e Kipsang também não foram citados em investigações envolvendo doping.

"Faz parte do processo. Quando saírem os resultados do inquérito, nós saberemos o que fazer", disse o presidente da federação queniana, Isaiah Kiplagat, na última segunda (13), depois da reunião em que a decisão foi tomada.

As investigações serão realizadas pela federação com a colaboração da agência queniana antidoping, da polícia do país e da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo).

Enquanto os agentes estiverem suspensos, a própria federação queniana vai cuidar dos interesses dos corredores do país em campeonatos e provas internacionais. "Os atletas não vão perder nenhuma competição", afirmou Kiplagat, que também anunciou seu afastamento do cargo –ele entra em licença por três meses para disputar a vice-presidência da IAAF.

A decisão gerou revolta entre os principais maratonistas quenianos, que avaliam que a entidade não é capaz de assumir essa função.

"Nossos contratos são válidos e continuam em vigor", disse o presidente da Associação de Atletas Profissionais do país, o ex-recordista mundial da maratona Wilson Kipsang. "Se a federação não consegue gerenciar 20 atletas na seleção nacional, como vai conseguir cuidar de 250 atletas do dr. Rosa e da Volare?".

Acompanhado pelo recordista mundial Dennis Kimetto e por Geoffrey Mutai, bicampeão da maratona de Nova York, Kipsang leu um comunicado da entidade ontem em Eldoret, uma das mecas do atletismo do país.

"Nós não reconhecemos a decisão. Essa é uma atitude extrema, que ameaça o epicentro do atletismo do Quênia", diz um dos trechos.


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