Não se surpreenda se o Atlético de Madri bater o Real Madrid, nesta terça (14), com gols de Godín e Miranda. Ou se o time de Cristiano Ronaldo vencer o clássico graças a Sergio Ramos. Também não será absurdo se Thiago Silva se tornar o herói do PSG ante o Barcelona, na quarta (15).
Afinal, na Liga dos Campeões da Europa, os defensores são os novos atacantes.
Apesar de a temporada ainda estar em andamento (Atlético x Real e Juventus x Monaco abrem as quartas), a competição já estabeleceu um novo recorde de gols feitos por jogadores de defesa.
Zagueiros e laterais foram responsáveis por 44 dos 325 (13,5%) gols anotados nesta edição do torneio interclubes mais badalado do mundo.
Desde 2003, quando a fórmula atual de disputa foi implantada, o máximo de tentos de defensores na competição havia sido 41, justamente na temporada passada.
A última final europeia, aliás, deu uma boa mostra da importância que os jogadores de marcação têm no ataque hoje em dia. Os dois gols do tempo normal da goleada por 4 a 1 do Real sobre o Atlético foram de zagueiros (Godín e Sergio Ramos) Na prorrogação, o lateral esquerdo Marcelo também marcou.
A tendência só se aprofundou nesta temporada. O PSG eliminou o Chelsea nas oitavas com os zagueiros brasileiros David Luiz e Thiago Silva balançando as redes. O lateral direito Danilo ajudou, com gol, o Porto a conseguir a vaga contra o Basel.
"Os jogos estão cada vez mais disputados e, por isso, são decididos na bola parada. Como os zagueiros são mais altos e treinam mais impulsão que os demais, acabam levando vantagem", disse o ex-zagueiro Ronaldão, campeão do mundo com a seleção brasileira em 1994.
Já Edmilson, que esteve no penta (2002) e jogou no Barcelona, disse que a melhoria técnica dos defensores é responsável pelo fenômeno.
"O futebol moderno cobra que os jogadores de defesa, e até os goleiros, tenham qualidade com a bola nos pés. Na minha época, não era assim."